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Americana Clorox tenta vender ativos no Brasil há meses

Por Agencia Estado
Atualização:

A norte-americana Clorox anunciou nesta quarta-feira a intenção de vender os negócios no Brasil, medida já esperada pelo setor no Brasil. Fontes do segmento químico de produtos de limpeza e higiene doméstica dizem que a companhia vem procurando compradores para os ativos desde o final do primeiro semestre e há propostas de algumas empresas para aquisição. Nenhum nome foi revelado e a filial brasileira não se manifesta sobre o assunto. Executivos da área no Brasil avaliam que a Clorox quer se desfazer dos ativos locais devido a três fatores. Um deles é a baixa margem de lucro em água sanitária (Super Globo e Clorissol), o maior negócio. O outro diz respeito a lançamentos das linhas de diluíveis Poett e limpadores multiuso X-14, há dois anos, cujas vendas não evoluíram conforme a expectativa da Clorox. E o terceiro é a guerra dos inseticidas, que no ano passado provocou queda geral dos preços no Brasil. Com isso, a indústria perdeu fôlego para reinvestir em lançamentos em um segmento movido a novidades. Uma fonte afirma que o mercado de águas sanitárias, além da pequena rentabilidade, oferece uma concorrência perigosa. O produto consta no primeiro lugar do ranking de informalidade da Associação Brasileira da Indústria de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), com 42,1% da demanda anual de 555,6 mil litros de água sanitária produzidas por indústrias que operam ilegalmente. A água sanitária é uma mistura de água com hipoclorito de sódio, que pode ser comprado indistintamente, por qualquer consumidor. Daí a facilidade de produzir o item. Sobre o diluível Poett, considerado importante e com bom trabalho de marketing, o mercado aposta que a marca será licenciada no Brasil. A linha Poett também é produzida e vendida na Colômbia, México, Venezuela e Argentina. Já os demais segmentos poderão ser vendidos separadamente. O inseticida SBP, que detém 20% do mercado brasileiro no segmento, pode despertar o interesse da Reckitt Benckiser no Brasil. A companhia perdeu a disputa com a Ceras Johnson na aquisição da Baygon, divisão de inseticidas da Bayer. Caso adquira o SBP, a Reckitt Benckiser passará a deter 40% do mercado interno no segmento. Um bom índice para concorrer com a Ceras Johnson, que passou a deter 50%, com o Baygon. Nos últimos dois anos, enquanto lançava produtos, a Clorox tentou aumentar seu portfólio e peso no mercado por meio da aquisição da Bombril e da Raimundo da Fonte, maior indústria de água sanitária e limpadores do Nordeste. No primeiro caso, as negociações não foram adiante devido a restrições dos acionistas, a um passivo fiscal considerado grande e uma multa cobrada pela CVM. No segundo, diz o mercado, a Raimundo da Fonte deve ter pedido uma soma muito superior ao que a Clorox dispunha.

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