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Américas têm período muito crítico, diz informe do BID

Por Agencia Estado
Atualização:

A América Latina e o Caribe estão entrando em um de seus períodos mais difíceis nas últimas décadas, alerta o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em seu relatório anual que foi oficialmente divulgado hoje, em Fortaleza, onde o banco está realizando a 43ª Assembléia Anual. De acordo com o BID, a mais importante fonte de financiamento de programas de desenvolvimento social, a maior parte dos países da região carece de margem de manobra fiscal ou externa para enfrentar os problemas internacionais. No relatório, o BID lembra que, desde meados de 1997, a América Latina e o Caribe vêm sofrendo uma série de choques externos adversos. "A partir da crise da Ásia (1997), os preços dos produtos de exportação e os fatores de intercâmbio se deterioraram de forma significativa. Os preços dos produtos básicos, excluindo o petróleo, caíram cerca de 26% desde o segundo semestre de 1997", diz o BID. O banco lembra ainda que, desde a crise russa, em meados de 1998, houve um incremento significativo do custo de financiamento no mercado internacional para os países em desenvolvimento e, principalmente, para a América Latina. "As margens entre esse custo e o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano passaram de 260 pontos base (2,6%), no trimestre anterior à crise asiática, para mais de 800 pontos base (8%) no último trimestre de 2001", informa o BID. Mas, lembra o organismo multilateral de financiamento, é importante realçar que, desde o início de 2001, os mercados têm mostrado uma crescente capacidade de diferenciação na percepção de risco entre os países latino-americanos, principalmente com base às margens da dívida de cada país. De acordo com o banco, o significativo incremento do custo de financiamento vem sendo associado a uma redução dos fluxos de capitais para a região. Ainda de acordo com o relatório do BID, a entrada de capitais nas sete maiores economias da América Latina, que representam 90% do PIB da região, caiu de US$ 100 bilhões, no ano terminado no segundo trimestre de 1998, para US$ 58 bilhões no mesmo período de 2001. Já os fluxos de carteira desapareceram quase totalmente. "Durante o mesmo período caíram de US$ 49 bilhões para apenas US$ 1 bilhão, complicando ainda mais a recomposição das fontes de financiamento", afirma o BID. De fato, acrescenta o relatório, o investimento estrangeiro direto é atualmente a única fonte importante de capital estrangeiro na região, que também começou a cair, seguindo a tendência observada em outros períodos de desaceleração das grandes economias. De US$ 72 bilhões, em 1999, caiu para um valor estimado de US$ 57 bilhões no ano passado. "Essa tendência tem sido muito clara no Brasil, onde o investimento estrangeiro direto passou de US$ 33 bilhões, em 2000, para uma cifra inferior a US$ 20 bilhões em 2001", acrescenta o informe do banco. O BID diz ainda que a forte queda nas taxas de juros norte-americanas em 2001 não foi suficiente para recuperar os fluxos financeiros para a região. Em resumo, conclui o BID em seu relatório anual, "a região tem hoje pela frente uma conjuntura internacional adversa, na qual os termos de intercâmbio se deterioraram, o comércio mundial perdeu dinamismo e a afluência de capital para a região caiu drasticamente". Perspectivas "As perspectivas de crescimento da América Latina e do Caribe em 2002 são mais positivas do que em 2001, período em que a região não deverá apresentar expansão superior a 1%?, de acordo com estimativas preliminares. Em março do ano passado, durante a 42ª Assembléia geral do BID, os economistas estimavam uma expansão de 3,5%. Embora não se espere recessão em quase nenhum país latino-americano, exceto na Argentina, as taxas de crescimento previstas na maior parte dos casos são inferiores a 4% e para a região como um todo chegam a 2%. O Banco alerta, no entanto, sobre a crescente preocupação que existe em relação à estabilidade macroeconômica na América latina. "Apesar das difíceis circunstâncias, as taxas de inflação continuam caindo na maioria dos países. Seis das sete maiores economias da região têm taxas de inflação menores a 10% e não existe temor de que as tendências sejam muito diferentes em 2002", informa o BID. Mas, lembram os economistas do banco, ainda existe uma grande preocupação sobre o futuro das reformas estruturais na região. De acordo com o banco, não se pode negar que, na região, existe um ambiente de insatisfação com a situação econômica e com o resultado de algumas reformas econômicas. "A probabilidade de uma reversão da política será menor na medida em que se encontre uma solução duradoura para a situação argentina, de forma que possa se evitar o contágio de outros países", conclui o BID no seu relatório anual. E, acrescenta o banco, "não existem dúvidas de que a região se encontra em uma encruzilhada, já que a situação econômica será especialmente difícil em 2002." FHC na abertura solene A 43ª Reunião da Assembléia de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a 17ª Reunião das Assembléias de Governadores da Corporação Interamericana de Investimentos serão inauguradas nesta manhã em sessão solene na sede do Sebrae em Fortaleza pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo ministro de Economia do Chile, Nicolás Eysaguirre, e pelo ministro do Planejamento Martus Tavares, que assumirá a presidência pro tempore da assembléia de governadores do banco até a próxima reunião anual, em 2003. Antes da cerimônia, o presidente recebe, em audiências separadas, o ministro da Economia da Argentina, Jorge Lenicov, o presidente do Equador, Gustavo Noboa e o presidente do Peru, Alejandro Toledo. Às 12h45, Fernando Henrique visita a mostra Prodetur e às 13 horas participará de almoço oferecido pelo governador Tasso Jereissati. Às 14h15, Fernando Henrique embarcará para Apodí, no Rio Grande do Norte, onde participará da cerimônia de inauguração da Barragem de Santa Crus de Apodí e, às 18h05, retormará para Brasília.

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