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Amorim culpa EUA pela suspensão da Rodada da Doha

Segundo o chanceler, o fato de Washington não ter cedido na questão dos subsídios internos aos agricultores foi o principal motivo pelo fracasso da reunião

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro de Assuntos Exteriores, Celso Amorim, responsabilizou os Estados Unidos pela suspensão da negociação da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo o chanceler, o fato de Washington não ter cedido na questão dos subsídios internos aos agricultores foi o principal motivo pelo fracasso da reunião do G-6, realizada no último fim de semana. "O assunto dos subsídios internos à agricultura era o mais urgente e se esperava que os Estados Unidos diminuíssem seu apoio a seus agricultores. Disseram que queriam mostrar flexibilidade, mas não vimos nada, além de se fechar para reivindicar um melhor acesso aos mercados para seus produtos", explicou Amorim em entrevista publicada nesta quarta pelo jornal francês Libération. O ministro brasileiro se mostrou convencido de que "um gesto" dos Estados Unidos sobre os subsídios agrícolas permitiria desbloquear outros temas que também se discutiam na OMC. Amorim acrescentou que, enquanto há uns meses era a União Européia quem era acusada de bloquear a situação, "agora a responsabilidade do fracasso cai sobre os Estados Unidos". Acordos bilaterais O chanceler admitiu que o fracasso das negociações multilaterais abre as portas para a proliferação de acordos bilaterais e comentou que nestes "sempre é mais difícil conseguir um acordo equilibrado porque a relação de forças não é a mesma". Além disso, Amorim acredita que "as questões cruciais como os subsídios da agricultura não podem ser resolvidas fora da OMC" e que esses são "as distorções mais graves e acarretam injustiças incompatíveis com um desenvolvimento real dos países mais pobres, e não só o Brasil". O chanceler brasileiro se mostrou preocupado com a suspensão da Rodada de Doha porque "este ciclo não era só uma questão de política comercial, mas também de desenvolvimento para os países do Sul". Menos favorecidos Sobre a questão de que o Brasil pretende ser a voz dos menos favorecidos enquanto seu modelo é a agricultura industrial, Amorim respondeu que com pequenas explorações "alguém não pode se impor no universo planetário competitivo". O chanceler acrescentou que no Brasil se destina uma parte da receita obtida com a agricultura industrial a programas de reforma agrária e de financiamento de pequenas explorações.

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