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Amorim defende ingresso de Venezuela e Bolívia no Mercosul

Seria bom acordos com EUA e UE, mas este não é objetivo, diz ministro

Por Agencia Estado
Atualização:

Peça-chave no processo político de expansão do Mercosul, a adesão plena da Venezuela de Hugo Chávez e o processo similar iniciado com a Bolívia de Evo Morales foram defendidos com afinco pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na abertura da reunião do Conselho do Mercosul Comum (CMC), instância decisiva do bloco. Em sinal de sua clara aversão aos setores que contestam o apressado ingresso da Venezuela e a essência da política externa do governo Luiz Inácio Lula da Silva, Amorim os desqualificou com os neologismos "mercocéticos" e "mercocríticos", ao discursar para seus colegas sul-americanos. "É natural que aqueles todos que podem ser chamados de `mercocéticos´ ou `mercocríticos´ se enfureçam cada vez que acontece algo como a adesão da Venezuela ao Mercosul. Porque eles percebem que o bloco está se fortalecendo", declarou. "Mais uma vez, vejo que essa visão tem enorme importância geopolítica e geoeconômica. O Mercosul é hoje o grande bloco da América do Sul e quer convergir com os outros", completou Amorim. União da América do Sul As críticas ou o ceticismo, na verdade, atingem profundamente a ambição estratégica do governo Lula de construir, em longo prazo, uma união aduaneira que envolva toda a América do Sul. O projeto vem sendo implementado em duas frentes. Na primeira, a Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa) trata de integrar a integração física e energética, com um viés cada vez mais voltado para fórmulas populistas de participação popular. Na segunda frente, a despeito da fragilidade de sua própria união aduaneira, a expansão do Mercosul tornou-se instrumento para a ampliação dos vínculos comerciais e para a construção de uma integração regional. Ambos centrados nos enfoques de Brasília. Essa estratégia retoma os princípios panamericanos definidos pelo ex-chanceler San Tiago Dantas, no início dos anos 60, e que inspiraram toda uma geração de diplomatas - entre os quais o chanceler Celso Amorim e o secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. Na última terça-feira, no Itamaraty, Amorim destacara que seria bom ao Mercosul fechar acordos de liberalização comercial com os Estados Unidos ou com a União Européia. Mas completou que o bloco não nasceu com esse com objetivo. Outros acordos Essa visão geopolítica vem sendo aplicada também de acordo com as convicções ideológicas do assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. "A criação de uma união aduaneira entre a Comunidade Andina, o Mercosul, o Chile, a Guiana e o Suriname é o objetivo de longo prazo", afirmou. "Há um movimento de convergência que, embora lento, mostra que todos os países querem se integrar", completou Garcia. Essa convergência, entretanto, também significa acomodação às exigências dos governos da Venezuela e da Bolívia de uma guinada do Mercosul e da Casa para objetivos sociais. Em uma incorporação das máximas bolivarianas, o próprio Amorim insistiu nesta quinta-feira a seus colegas que o Mercosul tornou-se "propriedade dos povos", e não mais dos governos. Recém-ingressa no bloco, a Venezuela parece marcar o compasso. "Já surgiram os elementos básicos de um novo modelo de integração. O Mercosul passou de uma visão comercial para um Mercosul social, um Mercosul político capaz de fortalecer a democracia e o bloco diante do mundo", afirmou o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.

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