O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, desqualificou hoje a candidatura do uruguaio Carlos Pérez del Castillo para a secretaria-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), cargo que na semana passada começou a ser pleiteado também pelo brasileiro Luiz Felipe de Seixas Corrêa. Segundo ele, del Castillo terá dificuldades em obter os apoios necessários à sua escolha para o cargo. "É uma candidatura que, a nosso ver, teria dificuldades em levar adiante um acordo em Genebra", afirmou o ministro. Na reunião de Cancún em que se discutiam novas regras para o comércio mundial, del Castillo ficou encarregado de redigir uma declaração, a qual foi considerada um retrocesso pelos países exportadores de produtos agrícolas reunidos no G-20. Era uma posição mais identificada com os interesses dos europeus e dos americanos. A decisão do Brasil de apresentar uma candidatura própria, porém, causou surpresa no Mercosul. Amorim revelou que, até pouco tempo atrás, o Brasil sequer cogitava concorrer ao cargo na OMC. Ele acha que seria mais cômodo se houvesse um sul-africano ou um argentino concorrendo ao cargo. Também não haveria nenhum problema em apoiar um uruguaio, se aquele país "não tivesse essa associação que teve" durante as negociações em Cancún.