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ANÁLISE-Corte de juros dos EUA é remédio fraco para consumidor

Por BRAD DORFMAN
Atualização:

O maior corte de juros dos Estados Unidos em mais de 23 anos dará pouco alívio real para os consumidores que viram sua riqueza afetada pelos golpes da queda dos preços de moradias e do mercado de ações em baixa. Isso poderia manter a pressão sobre as ações de empresas que atendem consumidores, como restaurantes, e também afetar investidores que voltaram aos papéis de varejistas nos últimos dias na esperança de que o pior tenha passado para esse setor, dizem analistas. "Em geral, o consumidor está completamente afogado e não chegamos nem perto do fundo", disse Howard Davidowitz, chairman da empresa de consultoria Davidowitz & Associates. Os gastos do consumidor, que são responsáveis por cerca de 70 por cento da economia dos EUA, foram prejudicados no último meio ano, já que os preços de combustíveis e da alimentação elevaram os temores com os mercados financeiro e de moradia. O Federal Reserve tentou impulsionar a economia nesta terça-feira com um corte de 0,75 ponto percentual nas taxas de juros, em um raro movimento entre reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto. Esse movimento veio em um período no qual parlamentares discutiam sobre um pacote de estímulo fiscal que incluiria compensações tributárias para ajudar a impulsionar a economia que mostra cada vez mais sinais de fraqueza. Ainda assim, essas medidas podem ter impacto limitado. "Eu acho que ainda existe muito pouco reconhecimento da enormidade do problema aqui", disse Dean Baker, co-diretor de um centro de pesquisa econômica, citando trilhões de dólares perdidos com a queda das ações e do valor das moradias. Isso significa que as ações de varejistas --em alta de 6 por cento desde 11 de janeiro, de acordo com o índice Standard & Poor's do setor -- podem estar ficando muito à frente que de qualquer recuperação verdadeira. Entre os fatores pesando contra as ações de varejistas, estão os fracos mercados financeiras, o estouro da bolha da moradia, as dívidas dos consumidores, a baixa poupança e estimativas de lucros e de valorizações excessivamente otimistas, afirmou em comunicado Michael Exstein, analista de varejo do Credit Suisse . Outros analistas contraargumentam que existem ações de varejistas baratas, contanto que os investidores assumam uma visão de longo prazo. "Eu acho que elas estão na maioria extraordinariamente baratas. Se você escolher seu lugar no varejo, pode ir muito bem", afirmou Patricia Edwards, administradora de portfólios da empresa de investimentos Wentworth, Hauser and Violich. Entre as ações, ela citou Nordstrom, Target e Wal-Mart Stores . (Reportagem adicional de Martinne Geller, Justin Grant e Lisa Baertlein)

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