20 de outubro de 2010 | 10h14
Osborne defende 'ação urgente' contra déficit do orçamento
Os cortes de gastos públicos anunciados pelo ministro das Finanças da Grã-Bretanha, George Osborne, são uma espécie de efeito retardado da crise econômica.
A turbulência financeira e a recessão que a sucedeu derrubaram a arrecadação do governo, ao mesmo tempo em que crescia a pressão por ajuda financeira aos bancos e outros gastos públicos.
O déficit do orçamento passou de 2,4% do PIB antes da crise para 11% no ano passado.
A Grã-Bretanha tem um dos maiores déficits orçamentários entre os países ricos, estimado em cerca de 160 bilhões de libras, ou R$ 430 bilhões - o maior de sua história.
O anúncio dessa quarta-feira vinha sendo considerado o momento mais esperado desde a eleição de maio, na qual o Partido Conservador saiu vitorioso com a bandeira de tomar uma "ação urgente" para reduzir o buraco nas contas governamentais.
Mão pesada?
Nos próximos quatro anos, o plano é cortar mais de 80 bilhões de libras esterlinas - mais de R$ 220 bilhões - em gastos públicos.
As medidas de elevação de impostos devem engrossar os cofres do governo em 29 bilhões de libras adicionais, ou quase R$ 80 bilhões.
Ao fim desse período de ajustes, o déficit no orçamento do governo continuará existindo, mas será menor e sustentável, disse o analista de economia da BBC Andrew Walker.
E se a estratégia der certo, a dívida do governo começará a declinar em relação ao PIB, afirma o analista.
Entretanto, existe um forte debate sobre a rapidez com que o ministro Osborne tentará aplicar os cortes.
O governo de coalizão conservadora e liberal-democrata estava no poder havia apenas duas semanas quando o ministro anunciou cortes para este ano fiscal da ordem de 6 bilhões de libras, em maio.
As medidas afetaram a contratação de novos servidores públicos e os benefícios sociais.
Para sindicatos, cortes podem levar economia de volta à recessão
O Partido Trabalhista, hoje na oposição, os sindicatos e alguns economistas afirmam que cortes abruptos demais podem terminar se revelando um remédio forte demais para a economia britânica, que correria o risco voltar à recessão.
Mas o governo alega que a redução do déficit vai restaurar a confiança no governo, implicando o pagamento de juros menores quando o país pegar empréstimos.
Desafio político
O analista de política da BBC Rob Watson disse que a coalizão está tentando conseguir algo que governo nenhum anterior conseguiu - realizar cortes sustentáveis no gasto público.
Mesmo após a redução das despesas, o Estado britânico continuará sendo relativamente grande e caro - o corte de gastos reduzirá o gasto público apenas para os mesmos níveis de 2006.
Mas a desaceleração aguda será sentida, diz o analista.
As pesquisas de opinião mostram que o eleitorado deseja que o governo combata o desequilíbrio do orçamento.
Mas as mesmas sondagens também apontam que existem temores em relação ao tamanho e a distribuição dos cortes que virão. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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