Como esperado, está havendo uma aceleração da atividade econômica neste segundo semestre. Porém o resultado do terceiro trimestre veio acima do que se esperava anteriormente, em parte, devido à revisão do PIB anual de 2018 - que altera toda a série à frente.
O último trimestre do ano pode ter um crescimento ainda mais alto, a liberação de recursos do FGTS contribui nesse sentido. O setor de construção também tende a continuar a se recuperar. Ainda assim, o PIB de 2019 deve fechar com alta de pouco mais de 1%, crescimento ainda baixo.
Para o ano que vem, alguns fatores devem influenciar positivamente o PIB. O primeiro e mais óbvio é a taxa de juros, que está em patamar historicamente baixo. Com a redução da rentabilidade dos ativos financeiros, há um estímulo maior à exposição ao risco e, por conseguinte, deve-se aumentar o direcionamento de recursos privados para investimentos produtivos.
Apesar da ociosidade do capital em diversos setores da economia, temos oportunidades de investimentos em infraestrutura e em segmentos que estão com capital depreciado ou desatualizado.
O segundo fator positivo para o PIB é o crescimento esperado para dois setores importantes para o país: agropecuária e indústrias extrativas. Os prognósticos da safra 2019/2020 do IBGE e da Conab e as perspectivas do Ipea em relação à produção de carnes são muito positivos. As indústrias extrativas, por sua vez, devem crescer devido à alta da produção de minério de ferro em Carajás e à entrada em operação de novas plataformas de petróleo.
Os riscos para esse cenário positivo estão relacionados à continuidade da agenda de reformas econômicas, essenciais para o equilíbrio fiscal de longo prazo e para aumentar a nossa competitividade, e ao ambiente econômico internacional. Os países vizinhos da América Latina estão passando por graves turbulências políticas e econômicas e a guerra comercial entre os EUA e a China ainda não foi resolvida e pode ter impactos negativos para a economia mundial.
*Diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea