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ANÁLISE-Crescimento da A.Latina é surpresa,assim como a inflação

Por DANIEL BASES E WALTER BRANDIMARTE
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O crescimento econômico na América Latina continua sendo uma surpresa agradável neste ano, mas a inflação também voltou antes das expectativas da maioria dos economistas, alimentada pelo forte consumo doméstico e os altos preços das commodities. A boa notícia é que o crescimento econômico também está facilitando o tratamento desta inflação pelos bancos centrais, no entanto, nem todos os países estão dispostos a adotar políticas monetárias ortodoxas. "A surpresa em termos de crescimento nos mercados emergentes neste ano é a América Latina", disse Joyce Chang, chefe de estratégia de mercados emergentes da JPMorgan, durante uma recente conferência organizada pela empresa de gerenciamento de ativos Ashmore Investment Management. A América Latina tipicamente seguia os Estados Unidos em uma recessão, mas desta vez até mesmo o Fundo Monetário Internacional estima que a região irá crescer 4,4 por cento neste ano frente a uma previsão de um crescimento de 0,5 por cento nos Estados Unidos. Esse é ainda um desempenho modesto se comparado à expectativa de crescimento de mais de 7 por cento nos mercados emergentes asiáticos, e quase 6 por cento nos emergentes europeus, mais foi o suficiente para as ações da América Latina terem o melhor desempenho entre essas regiões no ano passado. Apesar de temerem um comprometimento do crescimento da América Latina se os preços das commodities caírem, muitos economistas argumentaram que a escassez de petróleo e outros metais colocará um piso sobre os preços dos produtos exportados da região como petróleo, cobre e soja em particular. "Eu acredito que os preços das commodities se manterão por este motivo", disse Jerome Booth, líder de pesquisa da Ashmore, para quem os aumentos dos preços é estrutural e não uma bolha especulativa. Os preços dos alimentos, por outro lado, devem recuar no médio prazo com os países elevando a produção, removendo a causa principal da inflação na América Latina, disse ele. No curto prazo, no entanto, a inflação continua sendo o principal problema na região, saltando 6,6 por cento neste ano frente os 5,4 por cento em 2007, segundo o FMI. Isso irá provavelmente iniciar um ciclo de políticas de aperto monetário que vai elevar o diferencial das taxas de juros entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, aumentando assim a atração das moedas latino-americanas, disseram analistas. "O que nós estamos enfrentando agora como o grande problema é a inflação e como os governos irão lidar com ela", disse Mike Conelius, gente de carteira da T.Rowe Price. "Relacionadas a isso temos a política e onde ela se deteriorou em lugares como a Venezuela, Argentina, Turquia, Indonésia, Vietnã", disse ele. CAMPOS OPOSTOS O choque comum da inflação que passa por toda a América Latina está dividindo a região em dois campos. O Campo A, que inclui Brasil, Chile, Colômbia, Mêxico e Peru, está lidando com a alta dos preços mantendo os juros constantes ou mesmo elevando-os, enquanto que o Campo B, que contêm Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela, possui um ideologia política que impede repostas com apertos da política monetária.

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