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ANÁLISE-Demanda por etanol pode impulsionar preços do milho

Por SAM NELSON
Atualização:

O pior momento do milho no mercado internacional já pode ter passado, após os preços do cereal recuarem 36 por cento em comparação ao recorde atingido seis semanas atrás, e alguns analistas esperam uma recuperação ainda neste ano, diante do crescimento contínuo da produção de etanol nos EUA. Existem também expectativas que safra norte-americana deste ano atinja um volume menor do que o previsto pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) nesta terça-feira. O órgão defendeu a possibilidade de os produtores colherem a segunda melhor safra da história apesar das piores enchentes em 15 anos no Meio-Oeste do país durante o mês de junho. "As pessoas com quem eu falei possuem visões dramaticamente diferentes do que estes rendimentos e condições da safra mostram ... Elas estão muito mais cautelosas e muito mais conservadoras", disse Rich Feltes, diretor de pesquisas da MF Global, durante um painel de discussão sobre o relatório do USDA. O órgão espantou o mercado após divulgar neste mês que a produção de milho norte-americana pode atingir 12,3 bilhões de bushels em 2008, segunda maior safra dos EUA e aproximadamente 300 milhões de bushels acima da média das projeções de analistas. O USDA também elevou os rendimentos médios para 115 bushels por acre, ante 148,4 em julho. "É importante notar que a maior parte dos ganhos inesperados na produção foram compensados pelo aumento na demanda, e o fato de o USDA ter fixado a demanda por etanol em 4,1 bilhões de bushels neste ano implica, ao menos para mim, que haverá pelo menos 4,5 bilhões de bushels em 2009-10", disse Feltes. O USDA aumentou em 150 milhões de bushels, para 4,1 milhões de bushels, o volume total empregado na produção de etanol neste ano, o que corresponde a 33 por cento da safra norte-americana do cereal. No ano passado, o órgão havia estimado 3 bilhões de bushels de milho para a produção de etanol, ou 23 por centro da safra da época. A demanda crescente pelo cereal para a fabricação do combustível, aliada à diminuição dos estoques de soja, deve provocar uma disputa acirrada por terras entre as duas culturas na próxima temporada. O prognóstico abundante para a safra de milho foi divulgado apesar da pior enchente em 15 anos em Estados da região produtora dos EUA, como Illinois e Iowa, do crescimento lento das lavouras no início da temporada e de um dos plantios mais tardios já registrados. Apesar disso, o tempo excessivamente úmido no início de junho foi substituído por condições quase ideais para o desenvolvimento da safra em julho, melhorando as condições das lavouras e o rendimento potencial para o milho. "Obviamente o USDA confirmou como a safra parece boa, mas na análise final não achamos que os rendimentos podem ser tão altos", disse Gavin Maguire, analista da E Hedger. O mercado precisa competir com a "atual repulsa" dos grandes especuladores por commodities, acrescentou, afirmando que eles estariam liquidando suas posições por conta do aumento na fiscalização e das investigações de grandes traders. Quando o enxurrada de vendas de fundos nas commodities diminuir, os mercados de milho, soja e trigo devem retomar a caminhada em direção aos preços mais altos, com suporte da demanda por alimentos e combustíveis. "As pessoas estão se dirigindo para a saída agora e fazendo perguntas depois e, quando isso acabar, os preços dos grãos devem subir novamente", afirmou Maguire.

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