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ANÁLISE-Disputa antitruste da BHP deve se focar em minério

Por ERIC ONSTAD
Atualização:

A BHP Billiton está a caminho de uma disputa com reguladores devido ao plano de 170 bilhões de dólares da mineradora para comprar a rival Rio Tinto, o que lhe dará o controle de um terço do minério de ferro comercializado mundialmente. Linhas de batalha estão sendo formadas na região de Pilbara, na Austrália Ocidental, a maior fonte de minério de alta qualidade do mundo, onde a BHP deve ser forçada a desistir de importantes ativos. Reguladores europeus devem ser os mais obstinados. "Acho que será algo grande com a UE. Eu ficaria extremamente surpreso se não houver uma exigência de desinvestimento", disse o analista John Meyer, do banco de investimentos Fairfax. "No final, a UE não vai querer ver tanto minério de ferro australiano concentrado em apenas uma mão". O minério de ferro é importante para ambos os grupos como uma maneira de conseguir grandes lucros com baixos custos --a divisão da Rio teve uma margem de Ebitda de quase 60 por cento no ano passado, contra 41 por cento da empresa como um todo. Qualquer oferta de venda de ativos no Brasil ou Canadá não deve satisfazer os reguladores, já que a Austrália é onde a fusão vai concentrar ativos. As duas empresas já respondem por 80 por cento da produção de Pilbara, principal região australiana. "Para restaurarem algum tipo de competitividade, é preciso impor algum tipo de desinvestimento na área de Pilbara", disse o analista Luc Pez, da Oddo Securities em Paris. A Austrália responde por cerca de um quinto da produção mundial de minério de ferro e é a principal fonte do material de alta qualidade. "É provavelmente uma combinação de desinvestimento total de certas coisas que eles não acham que sejam opcionais a longo prazo e conseguir parceiros para alguns dos novos projetos, provavelmente os chineses", disse outro analista em Johanesburgo, que não quis ser identificado. No aguardo para apanhar o que for descartado, estão a Anglo American, que está expandindo sua unidade de minério de ferro, e a Xstrata, que quer entrar no setor, disseram analistas. MINÉRIO DE FERRO A BHP --maior grupo de mineração do mundo --e a Rio vão controlar em conjunto cerca de 36 por cento do comércio internacional de minério de ferro, algo decisivo pois determina os preços usados nas negociações anuais de contrato com as siderúrgicas. A junção das duas vai efetivamente criar um duopólio entre o novo grupo e a Vale, líder global de minério de ferro. A BHP calcula a participação de mercado de maneira diferente, argumentando que tem apenas 25 por cento do mercado de minério de ferro "contestável", o que inclui minério doméstico consumido internamente. A BHP também afirma que a fusão dos segundo e terceiro maiores produtores de minério vai ajudar os consumidores ao acelerar a expansão de projetos e ampliar a produção, possivelmente ajudando a alivar a pressão sobre os preços. O minério de ferro deverá ser o principal foco dos reguladores, mas urânio, concentrado de cobre e coque de carvão também serão avaliados. (Reportagem adicional de David Lawsky em Bruxelas, Lucy Hornby em Pequim, Tom Miles em Hong Kong, Yuko Inoue em Tóquio)

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