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ANÁLISE-EUA terão impacto limitado sobre PIB brasileiro em 2008

Por DANIELA MACHADO
Atualização:

O medo de uma recessão nos Estados Unidos ganhou força nos últimos dias e, embora tenha sacudido os mercados financeiros no Brasil, deve ter impacto limitado sobre o crescimento do país este ano. Para analistas, o Produto Interno Brasileiro (PIB) ainda vai crescer entre 4,0 e 4,5 por cento. A avaliação é de que a economia pode se amparar na demanda interna e mesmo nas exportações para a Ásia, continente que se destaca na demanda por commodities brasileiras. "Dentro desse universo de problemas, o Brasil continua bem posicionado porque tem um portfólio de exportações relativamente bem amplo", afirmou à Reuters o economista-chefe do Banco Itaú, Tomás Málaga. "Não há dúvida de que vai ter alguma desaceleração... Nosso cenário básico aponta crescimento próximo de 4 por cento, mas acima dessa marca." Segundo Málaga, a crise oriunda do mercado imobiliário de alto risco (subprime) dos EUA "não provocará necessariamente uma queda muito grande no nível de atividade da Ásia". O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, por outro lado, destacou a força da demanda interna. "Impacto (no crescimento brasileiro) vai ter. Tem impacto direto porque o Brasil deixaria de exportar mais para os Estados Unidos e outros países, mas como as exportações não são o principal motor da nossa economia atualmente o impacto não é grande", afirmou. "O crescimento está dependendo mais da demanda interna", acrescentou o economista, que espera expansão de 4,5 por cento. DÚVIDAS SOBRE 2009 Flávio Serrano, economista-chefe da López León Markets, também destacou o peso do consumo doméstico. "Não pretendo revisar (a projeção do PIB brasileiro), por enquanto... Seria um impacto marginal, porque dependemos mais dos desenvolvimentos daqui de dentro. Continuo prevendo 4,6 por cento e, se revisasse, iria para uns 4,4 por cento." As projeções recolhidas pelo Banco Central no último relatório Focus apontam expansão de 4,5 por cento este ano --a mesma estimativa das últimas quatro semanas. Para o ano que vem, a previsão foi cortada levemente, de 4,06 para 4,03 por cento. Em 2007, o Brasil pode ter crescido 5,2 por cento pelo prognóstico do mercado financeiro. As preocupações com a economia dos EUA começaram a incomodar investidores em meados de 2007 e recrudesceram no início deste ano com dados fracos sobre o mercado de trabalho norte-americano. Neste mês, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo já acumula perdas de cerca de 16 por cento, enquanto o dólar avançou 2,98 por cento frente ao real. Para um importante indicador acionário de Wall Street, o Standard & Poor's 500, a última semana foi a pior em cinco anos. Apesar de o governo norte-americano ter proposto um pacote para evitar a recessão, investidores não se mostraram confiantes na solução do problema. Mas a preocupação maior pode estar mais para frente. O analista-chefe da corretora Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa, avalia que o crescimento deste ano ainda vai ficar perto de 4,4 a 4,5 por cento, mas teme os efeitos futuros do desaquecimento mundial sobre o Brasil. "Tem estoque de investimentos de 2007 que vai maturar este ano. Minha dúvida vai para 2009." (Reportagem adicional Vanessa Stelzer)

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