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Análise: juro alto não controla preço de produtos administrados

Por Agencia Estado
Atualização:

As decisões do Banco Central sobre as taxas de juros tomam por base o controle da inflação. Ou seja, o BC fixa uma meta para a inflação, que neste ano é de 5,1% e, a partir daí, calibra as taxas de juros a fim de garantir o cumprimento desta meta. Os juros mais altos são usados para combater a inflação, pois inibem o consumo. Isso porque, com uma fraca demanda, os preços tenderiam a cair. Contudo, grande parte da inflação vem de preços administrados, que são definidos por contratos entre o governo e empresas. Esta foi a crítica feita pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Furlan, em entrevista ao jornalista Celso Ming, do jornal O Estado de S. Paulo. Segundo Furlan, ?a política de juros é como vacina vencida que não serve para combater a alta dos preços controlados, tarifas públicas, commodities internacionais (petróleo, aço soja), aumento da carga tributária e os efeitos dos custos financeiros". Para combater a inflação causada por esses preços, a política de juros, não importa se altos ou baixos, não é eficiente, destacou a coluna de Ming do dia 19 de janeiro, data em que foi anunciada a decisão da última reunião do Copom, que elevou a Selic de 17,75% para 18,25% ao ano. O ministro Furlan classificou os preços em duas categorias. Há os influenciáveis pelos juros e os não influenciáveis, conhecidos como preços livres. A maioria dos preços administrados (tarifas públicas, impostos, contratos) é reajustada pelo IGPM, um medidor de inflação que leva um forte componente (60%) de preços no atacado, que são os preços pagos pela indústria, pela agricultura e pelo comércio. (Os preços pagos pelo consumidor chamam-se custo de vida). As atas do Copom têm mostrado que só o segmento de preços administrados (e aí estão excluídas as commodities) pesa 29% no IPCA, o índice oficial de inflação. Esta também é a opinião de Rogério Mori, coordenador e professor do Centro de Macroeconomia Aplicada (Cemap) da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, é um deles. Em entrevista à repórter Priscila Murphy, do jornal O Estado de S. Paulo, o professor afirmou que a inflação de preços administrados é causada principalmente pelos contratos de serviços públicos referenciados pelo IGPM. Esta inflação, segundo ele, viria de preços no atacado, cuja origem é o aquecimento global. ?Preços industriais subiram muito por causa de aumentos brutais de matérias-primas como o aço, apesar de o câmbio estar em queda. Essa origem de inflação a taxa de juros não combate?, disse. O professor afirmou ainda que a alternativa para conter a inflação, portanto, seria apertar a política fiscal, cortando gastos públicos para reprimir a demanda, o que não foi feito em 2004. Fórum Com o tema ?A postura do BC de continuar a elevar as taxas de juros para conter a inflação é eficiente??, o Fórum do Portal Estadão revelou a opinião de alguns leitores sobre este assunto. Para José Luiz Raccah, o ministro Furlan tem ?razão e coragem para falar?. Diz ele: ?contra a alta dos preços administrados, não há elevação de juros que atinja seu objetivo. Pelo contrário, passam a alimentar a inflação uma vez que encarecem os custos financeiros, da indústria, do comércio, da prestação de serviços, os quais serão sempre inevitavelmente repassados ao consumidor, freando o consumo é verdade, mas também freando o desenvolvimento, freando a geração de emprego e de renda?. O leitor Fernando nascimento afirma que há muito tempo no Brasil se pratica altíssimas taxas reais de juros. ?Se esta política isoladamente fosse capaz de conter a inflação estaríamos hoje com uma dos mais baixos índices do mundo. Acontece que a inflação brasileira está fortemente influenciada por preços administrados atrelados à a inflação passada, o que cria uma espécie de indexador, projetando a taxa passada para o futuro. É urgente a revisão da política de preços administrados, que sejam calculados tomando por base a expectativa futura, para a quebra da inércia inflacionária?, escreve. A leitora Waldeatlas Barros sugere que o governo corte seus gastos. ?O juro é conseqüência do festival de gastança que o governo vem fazendo, sem nunca pensar em enxugá-la. Os juros altos são necessários para manter a rolagem da dívida pública, e esta é conseqüência direta dos gastos. E isso vem ocasionando, no mínimo, dois distúrbios: os juros altos e aumento contínuo da carga tributária?, destaca a leitora. Veja abaixo as opiniões dos leitores.

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