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Análise: Mudanças em aplicações explicam quedas nas bolsas

Para Robert Peston, fuga de capitais, fundos hedge e pânico são fatores.

Por Robert Peston
Atualização:

As quedas nas bolsas de valores nesta segunda-feira nos colocam a caminho de novos recordes mensais de desvalorização nos valores das ações. Até agora neste mês, os papéis nos Estados Unidos e na Europa caíram em média mais de 25%. Na Ásia, o recuo foi um pouco maior. A menos que ocorra uma reação repentina, a desvalorização mensal acumulada em outubro na maioria dos principais mercados do mundo será uma das maiores já testemunhadas por qualquer pessoa ainda viva. No caso dos Estados Unidos, a queda neste mês provavelmente será a maior em 70 anos. Em outros mercados, onde o histórico das oscilações das bolsas começou a ser compilado mais tarde, as quedas devem ser as maiores desde o início dos registros, há cerca de 40 anos. Mas qual o porquê disso? Mudanças nas aplicações Há três coisas acontecendo. Primeiramente, estamos vendo o fim das aplicações de dinheiro obtido com empréstimos baratos - com juros baixos e em iene ou dólares - em mercados que rendiam mais, como os dos países emergentes, da Islândia ou, em certa medida, da Grã-Bretanha. Os investidores estão liquidando ativos em toda a parte, da Coréia do Sul à Argentina e à Hungria, e estão segurando os recursos em moeda japonesa ou americana. E como uma quantidade significativa desses investimentos veio do Japão, o iene tem se valorizado de forma espantosa. A libra esterlina foi castigada em parte porque, quando esse tipo de investimento estava mais popular, a Grã-Bretanha recebeu uma parcela desproporcional desse dinheiro, já que as taxas de juros britânicas sempre foram um pouco maiores do que normalmente são em economias desenvolvidas. Fundos hedge O segundo motivo é a transformação dos bancos de investimento Goldman Sachs e Morgan Stanley em bancos de varejo, o que está secando os fundos hedge. A mudanças dos bancos está levando os fundos a se livrar de ativos como ações, títulos corporativos e commodities. Isso, por sua vez, está levando à venda de mais ativos, já que a queda nos valores deles faz com que os credores exijam que os investidores que ainda apostam em aplicações como os fundos hedge aumentem suas garantias. Finalmente, o último motivo é a reavaliação do risco provocada pela desaceleração econômica global. Traduzindo: os investidores, nos últimos 14 meses, abandonaram a convicção maluca de que nada iria quebrar e foram para o extremo oposto - passando a acreditar que tudo vai quebrar. Nenhuma das visões é racional. Mas a razão não tem muita influência nos momentos de pico de alta do mercado, quando a emoção que prevalece é a cobiça, e nos picos de baixa, quando o importante é o salve-se quem puder. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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