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ANÁLISE-Novo ano pode descongelar mercado de crédito

Por JOHN PARRY
Atualização:

O mercado de crédito deve mostrar sinais de vida depois do dia 31, quando os investidores devem começar a deixar de lado a segurança dos Treasuries norte-americanos e apostar no mundo dos investimentos de risco. O rendimento de todos os títulos, de notas do Tesouro norte-americano a bônus, despencou para níveis recordes quando os investidores despejaram dinheiro nos ativos considerados como os mais seguros do mundo. Isso mostrou aos investidores que seus recursos estavam no lugar mais confiável que havia durante a profunda recessão na economia global. Mas, depois que o ano acabar, especialistas dizem que alguns investidores vão vender seus Treasuries para se aventurar em aplicações mais arriscadas e muito mais rentáveis. "A recuperação dos bônus corporativos e das ações será iminente quando as taxas dos títulos subirem", disse Tony Crescenzi, estrategista-chefe para o mercado de bônus da Miller, Tabay & Co., em Nova York. A forte tensão no mercado de financiamento de curto prazo, que emana da crise global de crédito, pode diminuir um pouco em janeiro, depois que passar a pressão adicional por recursos no fim de ano, disse o veterano economista de Wall Street Henry Kaufman no Reuters Investment Outlook Summit, há duas semanas. Quando investidores, bancos, seguradoras e gestores de fundo virarem o ano, as taxas das notas do Tesouro devem subir, e as taxas de financiamento interbancário cair. Ainda assim, devem continuar muito longe dos níveis vistos antes do meio de 2007, quando a crise global começou a explodir. Na semana passada, o Federal Reserve tomou a histórica decisão de colocar a taxa básica de juros em uma faixa entre zero e 0,25 por cento, menor nível já visto. A medida agressiva vai aumentar a velocidade da queda das taxas interbancárias, dizem analistas. "A Libor vai desabar; a Libor de 3 meses provavelmente vai cair abaixo de 1 por cento no começo de janeiro", disse Crescenzi. O rendimento de algumas notas do Tesouro já ficou negativo neste mês, algo que não ocorria desde 1940. Isso mostra o medo de deflação e de ativos mais arriscados, que induziu os investidores a pagarem para o governo manter o dinheiro. Os agressivos cortes do juro pelo Fed e as medidas para fortalecer os bancos e os mercados de títulos fizeram o rendimento dos ativos do governo tão pouco atrativo que alguns investidores podem começar a se arriscar com bônus corporativos, analisam alguns gestores de fundos. Se a contração econômica dos Estados Unidos no primeiro trimestre for menos acentuada do que a forte queda esperada por muitos para o quarto trimestre deste ano, o rendimento das notas do Tesouro pode subir acima da meta da taxa básica de juros, disse Joseph Balestrino, que gerencia 7 bilhões de dólares em renda fixa na Federated Investment Management Company, em Pittsburgh. Ainda assim, alguns ainda duvidam que 2009 trará alívio e esperam que o mercado de crédito continue bastante distorcido por anos. "O cenário macroeconômico está cada vez pior", disse Howard Simons, estrategista da Bianco Research, em Chicago. "Tivemos esses dois choques terríveis nos mercados de ações e imobiliário, e ainda podemos ter agora choques piores no mercado imobiliário comercial", afirmou. Investidores podem ficar tão avessos ao risco que aceitariam rendimento zero ou mesmo negativo por bastante tempo em títulos de curto prazo do governo somente para preservar seu capital acrescentou.

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