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ANÁLISE-Preço do urânio deve estabelecer novos recordes de alta

Por ANNA STABLUM
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Em decorrência do terremoto no Japão que levou ao fechamento da maior usina nuclear do mundo, os preços do urânio caíram cerca de 12 por cento em relação ao patamar recorde alcançado no final de junho. Analistas e operadores acreditam que o mercado tem potencial de alta. Esta semana, o preço do urânio ficou em 120 dólares por libra, abaixo do pico de 136 dólares. Em 2000, o preço era de apenas 7 dólares, mas subiu acompanhando a aceitação maior da energia nuclear frente a custos mais elevados do petróleo e à tendência de redução das emissões de dióxido de carbono. No momento em que vinha crescendo o apoio a essa fonte energética, o terremoto no Japão afetou o humor do mercado por causa do novo alerta sobre os riscos das usinas nucleares. A planta de Kashiwazaki-Kariwa foi fechada após vazamento radioativo, alimentando reações díspares. "Um acidente como esse, decorrente do terremoto no Japão, pode ser uma motivação psicológica para derrubar os preços", afirmou o analista Eugen Weinberg, do Commerzbank, na Alemanha. Já o diretor de Pesquisa e Estratégia da Associação Nuclear Mundial, sediada em Londres, Steve Kidd, tem uma visão positiva do evento. "Eles sofreram um terremoto grave e a integridade do reator foi muito boa", afirmou. Outro incidente alimentou o ceticismo quanto à segurança das usinas nucleares --um incêndio no final de junho obrigou ao fechamento de duas plantas alemãs controladas pela empresa sueca Vattenfall. "São más notícias, e mídia ruim significa que a oposição a novas usinas está aumentando", disse Weinberg. Mas reverter programas nucleares é um longo processo, como observou um corretor de urânio em Londres. "Quando se assume o compromisso de construir ou se está no processo de construção...fazer a manobra contrária é uma decisão bem radical", avaliou o corretor. Para ele, a cotação do urânio caiu porque o número de negócios com o produto físico diminuiu diante da demanda baixa no verão e dos preços superaquecidos. DESACELERAÇÃO O UBS fez uma previsão de que o urânio chegue a 127 dólares por libra este ano, subindo para 196 dólares em 2008. "Não estamos num ponto de inflexão, é apenas desaceleração", argumentou o analista Daniel Brebner, do UBS. "Temos visto o preço do urânio ir apenas em uma direção nos últimos dois anos", disse, referindo-se à alta da commodity. "O fato é que o mercado tem pouca oferta e não vejo isso mudando até 2009, 2010." Em todo o mundo há 437 reatores em operação, outros 74 em construção e ainda 182 sendo planejados, segundo a Associação Nuclear Mundial. Para o Citigroup, a queda no preço do urânio deveu-se provavelmente à demanda controlada das usinas. A consultoria UX informou que houve leilões de urânio UF6 nos últimos 30 dias. O Citigroup manteve inalterada sua previsão, estimando preços acima de 100 dólares por libra nos próximos três anos, num mercado de baixa oferta. A demanda por urânio é de aproximadamente 80 mil toneladas por ano, enquanto a extração é de 60 mil toneladas. Esse déficit tem sido atendido por material enriquecido reutilizado de ogivas nucleares desativadas. REUTERS RF ES

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