Sem um Plano Real e um ministro como Fernando Henrique Cardoso para exibir à opinião pública, o presidente Michel Temer não atendeu no seu primeiro ano à (própria?) expectativa de virar um novo Itamar Franco. Mas, bem ou mal, ele sobrevive à custa das vitórias no Congresso, do avanço das reformas e da máxima de que, ruim com ele, pior sem ele. Em especial na economia.
Apesar dos índices de Temer nas pesquisas, equiparáveis, ou até piores, do que os de Fernando Collor e Dilma Rousseff às vésperas do impeachment, o “fora Temer” não massificou, ficou restrito aos partidos e movimentos alinhados ao PT. Afinal, tirar Temer para jogar quem no lugar? E, entre um e outro, o que aconteceria com a economia, com o Brasil?
Simplesmente sobreviver parece uma ambição excessivamente modesta para um político, mas não para quem chegou à Presidência com a queda de uma presidente, no meio da maior crise político- econômica do País e montes de dúvidas.
Desde o início, Temer teve noção de que seu papel seria comandar a transição até 2018. O máximo que poderia almejar era fazer as reformas na Previdência e nas leis trabalhistas que todos os antecessores sabiam fundamentais, mas não conseguiram – ou não quiseram – fazer.
Assim, o foco de Temer é o presente, o aqui e agora, e não uma futura candidatura que parece praticamente impossível, diante da crise de popularidade, do ritmo lento da recuperação econômica, dos avanços da Lava Jato sobre o “núcleo duro” do Planalto e da queda de sete ministros – até agora. Se for um grande eleitor, já será um enorme lucro.
É assim que, “a cada dia, sua agonia”, sem contar a ameaça latente do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE. Por ironia não do destino, mas da política, o processo foi iniciado justamente pelo PSDB, mas, quanto mais o PMDB desce, mais o PSDB sobe no governo Temer. Aliás, aí sim: como no governo Itamar.