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Análise: Sem perspectivas positivas no curto prazo

Em grandes linhas, o mercado de trabalho ainda tem um longo caminho de recuperação

Por Rodolpho Tobler
Atualização:

A pandemia causou forte impacto negativo na economia brasileira e consequentemente no mercado de trabalho. Os últimos números divulgados mostram que a taxa de desemprego, que já não era baixa no período anterior à pandemia, agora registra o maior valor desde 2012 (início da série) e sem perspectivas de melhora no curto prazo. 

A recuperação da economia brasileira tem sido heterogênea entre os setores e ainda não parece ser intensa o suficiente para a criação de vagas que atendam todas essas pessoas desempregadas (pessoas sem ocupação, mas que estão procurando) e as que provavelmente voltarão a buscar uma ocupação nos próximos meses. 

Recuperação da economia não parece ser intensa o suficiente para criar vagas que atendam a todos os desempregados. Foto: Werther Santana/Estadão

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Esse aumento da busca por emprego pode ocorrer por alguns fatores, entre eles: a continuidade das flexibilizações das medidas e, consequentemente, a maior circulação de pessoas; e a redução do auxílio emergencial, que acaba pressionando o orçamento das famílias e tornando mais urgente a busca por trabalho.

Outro fator de preocupação com o mercado de trabalho é a lenta recuperação do setor de serviços, que tem papel fundamental na empregabilidade. Os consumidores têm se mostrado muito cautelosos, não só com o consumo de bens ou serviços que não são tão essenciais e podem ser postergados, como também em relação à saúde, pelo medo do contágio. Então é muito difícil imaginar recuperação robusta dos segmentos que dependem da presença física do consumidor ou que tenha algum tipo de aglomeração, o que torna inviável a expectativa de contratação nesses segmentos.

Em grandes linhas, o mercado de trabalho ainda tem um longo caminho de recuperação. Uma vacina, ou algum método que consiga controlar totalmente a pandemia, pode acelerar esse processo de retomada. Por outro lado, um aumento expressivo dos casos de contágio, como se observa na Europa, pode ser mais um grande obstáculo para volta dos números positivos.

*ECONOMISTA RESPONSÁVEL PELOS INDICADORES DO MERCADO DE TRABALHO DO IBRE/FGV)

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