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ANÁLISE: Superávit em abril não significa que ajuste fiscal será fácil, diz ex-BC

Segundo Carlos Thadeu de Freitas, arrecadação deve ser mais afetada no segundo semestre pela inflação e por desempenho ruim da economia

Por Álvaro Campos
Atualização:

SÃO PAULO - O setor público consolidado teve um superávit primário acima do esperado em abril, de R$ 13,445 bilhões, mas isso não quer dizer que o ajuste fiscal será fácil, segundo o ex-diretor do Banco Central e chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas. "Todo começo de ano é sazonalmente favorável para o superávit, o governo gasta mais ao longo do segundo semestre", comenta.

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De acordo com ele, o resultado fiscal nesses primeiros meses do ano pode estar recebendo uma ajuda da inflação elevada, já que o aumento de preços significa alta de arrecadação. Além disso, também tem um pequeno impacto inicial positivo no âmbito dos gastos, já que, com a gestão na boca do caixa, o governo consegue ir quitando primeiro dívidas mais antigas, que ainda não foram afetadas pela inflação. "A inflação em um primeiro momento ajuda o governo a fazer uma poupança forçada, mas isso é provisório. À medida que a atividade for afetada, a arrecadação diminui", explica.

Thadeu de Freitas comenta que, apesar do PIB do primeiro trimestre ter caído menos que o esperado - queda de 0,2%, quando a mediana das projeções era de -0,5% -, o desempenho no segundo trimestre deve ser pior e prejudicar a arrecadação. "Com o governo cortando menos (contingenciamento de R$ 69,9 bilhões no Orçamento deste ano), o superávit vai depender essencialmente da arrecadação", explica. Para ele, o resultado deve ficar perto de 0,7% do PIB, abaixo da meta do governo, de 1,1%.

O ex-diretor do BC aponta que algumas medidas anunciadas recentemente, como o aumento de 15% para 20% na alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), não deve ter um impacto muito grande este ano. Para Thadeu de Freitas, o essencial era que o Congresso tivesse aprovado antes a reversão da desoneração sobre a folha de pagamento. Com a expectativa de que a votação desse projeto só ocorra no início do próximo mês, a previsão é de que a economia realizada este ano não seja tão significativa.

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