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ANÁLISE-Vendas especulativas abalam momento de alta do petróleo

Por ROBERT CAM
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Os especuladores estão reduzindo sua exposição aos contratos futuros de petróleo em meio aos temores de problemas econômicos mais amplos, mas os especialistas estão divididos sobre se a queda sinaliza o fim da disparada do petróleo nos últimos quatro anos. Os preços do petróleo caíram à mínima em sete semanas em relação à máxima histórica de 78,77 dólares por barril, registrada em 1o de agosto, em meio a pesadas vendas feitas por fundos apesar da forte demanda, dos dados positivos dos estoques da commodity nos Estados Unidos e das ameaças à produção devido a furacões. Os especialistas dizem que as vendas especulativas podem ser parte de uma fuga de ativos de risco e de um esforço de alguns fundos para levantar recursos necessários como "chamada de margem" para atuar em outros mercados. "Claramente, o capital especulativo está saindo do mercado, mas levará um bom tempo até que qualquer desaceleração econômica tenha impacto sobre a demanda", disse Mike Fitzpatrick do MF Global. As pesadas vendas estão escondendo os fundamentos positivos do mercado que deveriam dar suporte aos preços. "Os preços estão se mexendo não por causa dos fundamentos, mas de fatores exógenos, e a única coisa que pode reverter isso agora é se tivermos um furacão terrível", disse Jim Ritterbusch, da Ritterbusch and Associates em Illinois. Os preços do petróleo quase triplicaram na comparação com os 25 dólares por barril do começo de 2003, impulsionados por crescimento maior da robusta demanda na China e em outros países em desenvolvimento; redução dos estoques globais e fluxo positivo de investimentos. Alguns especialistas sugeriram que as vendas podem testar a mínima do ano, de 49,90 dólares por barril alcançada fevereiro, se houver uma tentativa súbita de investidores deixarem o mercado. "Existem rumores de que algumas pessoas estão sendo forçadas a liquidar posições por causa das exigências de margem. Isso apenas aceleraria as vendas generalizadas que nós temos visto", afirmou Eric Wittenauer do A.G. Edwards. No entanto, as preocupações com a saúde da economia global podem também estar impulsionando as vendas, disseram alguns analistas. "O petróleo sendo atingido, não necessariamente sugere que ele está sendo almejado como uma fonte de recursos, mas é mais uma redução de riscos, assim como as commodities não são o local para uma reversão para queda", disse Chris Jarvis, analista do Caprock Risk Management. As vendas são especulativas, mas apontam a forte demanda global e as reservas apertadas dão suporte, segundo os analistas. "Os acontecimentos, a ação dos preços, a posição dos operadores e a presença de um risco de furacão significativo parecem estar criando uma plataforma para outro movimento para cima", escreveram os analistas do Barclays Capital. Os estoques de petróleo caem há seis semanas seguidas, reduzindo as reservas em mais de 17 milhões de barris, apesar de a oferta de derivados continuar apertada. Os pessimistas, por outro lado, acreditam que a crise do subprime está ou causando uma desaceleração econômica ou é sintoma dela, que poderia chegar a uma recessão. Isso acabaria derrubando os preços do petróleo e desacelerando a demanda pela commodity. "Obviamente o que está acontecendo com a economia global está afetando esse mercado hoje", disse Peter Beutel do Cameron Hanover. "Existe muita preocupação de que estejamos entrando em uma recessão, uma recessão que seria causada, em parte, pelos preços maiores da energia."

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