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Analista de fundo aposta na alta dos títulos do Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

O céu não está caindo no Brasil, pelo menos para o Pacific Investment Management Co. (PIMCO), maior fundo de renda fixa dos Estados Unidos. Mohamed El-Erian, que supervisiona aportes para mercados emergentes do Pimco, disse que o fundo tem permanecido carregado no Brasil em seu fundo dedicado de títulos de países emergentes de US$ 271 milhões "por enquanto". Muitos investidores saíram do Brasil este ano antes das eleições presidenciais de domingo, à medida que as pesquisas de opinião mostravam o candidato de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, com uma liderança que aumentava os temores de que o próximo governo poderia ser incapaz ou não estar disposto a cumprir o serviço da crescente dívida do País. El-Erian não está fazendo nenhuma previsão sobre a direção do maior mercado da América Latina ? especialmente com a incerteza sobre se Lula vai assegurar os 50% mais um votos necessários para evitar o segundo turno em 27 de outubro. "Tudo o que posso dizer é que vai ser volátil", disse El-Erian, que está sediado em Newport Beach e também ajuda a gerenciar cerca de US$ 7 bilhões de títulos de mercados emergentes que fazem parte de outros fundos da Pimco. Ele acrescentou que a incerteza nos mercados desenvolvidos também colocaram um ingrediente imprevisível: aumentando o risco de aversão entre vários investidores globais. Mas ele acha que o Brasil não deve entrar em default, e que os spreads dos títulos do País, que aumentaram mais de 1.700 pontos-base entre março e setembro antes de registrar uma onda de compra esta semana, estarão supervendidos em um horizonte de seis meses. Ele argumenta que o próximo líder do Brasil vai se beneficiar dos oitos anos de reformas econômicas promovidas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que introduziu a flutuação cambial, implementou a Lei de Responsabilidade Fiscal e fortaleceu o sistema bancário e financeiro, entre outras medidas. Quem quer que seja o vencedor das eleições de outubro saberá que "há pouco espaço para aventura" quando se trata de política, dada a pressão que os investidores podem exercer, acrescentou El-Erian em entrevista por telefone à Dow Jones. "Os custos são certos e claros e são ilustrados pelos distúrbios na Argentina", disse ele, referindo-se ao vizinho sul do Brasil, cuja economia, em recessão desde meados de 1998, deve encolher outros 15% este ano. El-Erian disse que os países emergentes que declararam moratória no passado foram culpados de cometer "quatro pecados": uma taxa de câmbio fixa insustentável, orçamento em desarranjo , um fraco sistema bancário e uma dinâmica de dívida frágil. O Brasil é culpado de cometer apenas o último pecado, argumentou ele, acrescentando que suas outras vantagens devem dar ao País tempo suficiente para reverter o problema. O governo aumentou recentemente sua meta de superávit primário para 3,88% do PIB, e as autoridades do País insistem que o perfil da dívida se revelará muito menos oneroso quando a moeda se estabilizar e as taxas reais de juros caírem para apenas um dígito. Na manhã de sexta-f eira, a Merrill Lynch aumentou sua recomendação para os títulos brasileiros de "underweight" para "marketweight", aconselhando seus clientes a não adotar grandes posições em nenhum dos lados (venda ou compra) nos dias imediatamente posteriores ao domingo eleitoral.

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