Publicidade

Analistas avaliam redução na taxa Selic

A decisão do Copom surpreendeu parte dos analistas que esperavam um corte de 0,5 ponto porcentual. Porém, a atitude mais agressiva do Comitê é justificada pela melhora dos fatores externos. Veja a tendência para a Selic em 2001.

Por Agencia Estado
Atualização:

O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou há pouco um corte de 0,75 ponto porcentual na taxa básica de juros - Selic. Com isso, a taxa que estava em 16,5% ao ano, caiu para 15,75% ao ano. Os motivos apontados pelo Comitê foram as perspectivas favoráveis para a trajetória da inflação, reforçadas por uma melhora no cenário externo. Odair Abate, economista-chefe do Lloyds TSB, apostava em redução da taxa Selic em 0,5 ponto porcentual. Porém, de acordo com o executivo, a postura um pouco mais agressiva do Comitê não deixa de ser coerente e deve ser bem recebida pelo mercado financeiro. Ele afirma que, apenas com base nos fundamentos da economia brasileira, principalmente o controle da inflação, a taxa de juros já poderia estar mais baixa há alguns meses. "Com a mudança de tendência para os juros nos Estados Unidos, a liberação dos recursos para a Argentina e a queda no preço do petróleo, o Comitê teve uma segurança maior para reduzir os juros", explica. O economista-chefe do BicBanco, Luiz Rabi, também esperava um corte na Selic de 0,5 ponto porcentual. Porém, ele condicionava a redução, mesmo desse intervalo menor, à aprovação do pacote de ajuda à Argentina, que foi anunciado na segunda-feira, e à mudança na tendência para a taxa de juros nos Estados Unidos, definida ontem na reunião do banco central norte-americano (FED). Rabi estima que, caso o cenário externo estivesse mais tranqüilo, a Selic já estaria entre 14% e 15% no final desse ano. Perspectivas para a taxa Selic em 2001 A expectativa de Abate é de que a Selic caia em mais dois pontos porcentuais em 2001. Com isso, chegaria ao final do próximo ano em 14%. Apesar disso, o juro real - juro nominal descontado da inflação - continuará em 10% ao ano, assim como em 2000, quando a taxa de juros anual termina o ano em 16%, com inflação em torno de 6%. O economista-chefe do Lloyds acredita que, para uma redução mais forte na taxa de juro real, é necessária uma confirmação da estabilidade econômica do País. "O Brasil precisa provar que será capaz de cumprir, ano após ano, suas metas de inflação e crescimento econômico. Além disso, a reforma tributária é condição essencial", declara. Outro fator que impede uma redução mais forte na taxa de juro no próximo ano é a eleição presidencial em 2002. Rabi é mais otimista: "Os juros reais no Brasil não podem mais ficar em 10% ao ano. Em 2001, com a inflação em 4%, a Selic precisa chegar ao final do ano em torno de 13% ao ano, o que aponta um juro real de 9%". Ele explica que os altos juros reais impedem o equilíbrio fiscal do País, pois o governo é obrigado a pagar grandes quantias como juros de empréstimos, onerando o orçamento. Além disso, impedem o crescimento econômico. O economista-sênior do Citibank, Robério Costa, prevê que a taxa Selic chegue ao final de 2001 em 13,5% ao ano, o que também permite um juro real anual abaixo de 10%, caso a inflação fique em 4% no acumulado de 2001. Costa acredita que as condições internacionais são as únicas variáveis que podem prejudicar a confirmação desse cenário. "Mesmo com o aumento do salário mínimo a partir de abril no próximo ano, o Índice de Preços ao Consumidor amplo (IPCA) deve ter um aumento de 0,4 ponto porcentual, o que não prejudica o cumprimento da meta de inflação", diz.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.