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Analistas: Bovespa descola da Nasdaq

Com a economia dos Estados Unidos em desaquecimento e o Brasil consolidando previsões otimistas, especialistas norte-americanos acreditam que o Ibovespa deva continuar se distanciando da Nasdaq.

Por Agencia Estado
Atualização:

A correlação entre a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a Nasdaq- bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - atingiu nesta semana o seu menor nível desde 1999. O sentimento entre os estrategistas de ações para América Latina em Wall Street é que, em 2001, a bolsa brasileira não deverá mais seguir de perto a Nasdaq. Segundo o estrategista de ações para América Latina do Credit Suisse First Boston (CSFB), James Upton, o índice de correlação entre as duas bolsas - que calcula em que medida as suas variações obedecem aos mesmos padrões - está em 25% na média móvel de três meses. "Essa ligação entre os dois índices já chegou a 99% no primeiro trimestre do ano passado", afirmou Upton. "O mais impressionante, no entanto, é que o descolamento dos dois mercados está acontecendo muito rapidamente", acrescentou. Segundo ele, embora o Brasil tenha apresentado bons fundamentos econômicos em 2000, o desempenho da bolsa brasileira foi prejudicado pela elevada correlação com a Nasdaq. Bear Stearns: descolamento será tendência em 2001 Na opinião do estrategista de ações para mercados emergentes do banco Bear Stearns, Thierry Wizman, o descolamento entre a Bovespa e a Nasdaq será uma tendência enquanto os fundamentos da economia brasileira continuarem positivos e as notícias sobre a economia norte-americana continuarem não tão favoráveis. "A menor correlação entre os dois mercados nas últimas duas semanas vem acontecendo porque as pessoas vêm enfatizando a pequena ligação comercial entre Brasil e Estados Unidos, enquanto a ligação do comércio entre México e EUA é algo claro para os investidores", disse Wizman à Agência Estado. Segundo ele, quando os investidores ficam mais preocupados com o futuro da economia norte-americana, eles vendem seus papéis no México e compram ações no Brasil. "Isso faz com que o mercado brasileiro tenha um bom desempenho, enquanto as bolsas norte-americana e mexicana apresentam queda", disse. Para 2001, Wizman está prevendo um ganho para a Bovespa de 25% se as condições globais não se deteriorarem. "Um ´soft landing´ da economia norte-americana ajudará o mercado brasileiro. Além disso, o preço do petróleo teria de cair para uma faixa de US$ 22 a US$ 24 o barril", disse o analista. Estrategista do J.P Morgan já apostava no descolamento desde outubro de 2000 O estrategista de ações para América Latina do banco J.P. Morgan, Carlos Asilis, vem apostando no descolamento dos mercados regionais latino-americanos das bolsas dos Estados Unidos, especialmente da Nasdaq, desde outubro do ano passado. Segundo ele, os múltiplos e indicadores de preços das ações estão baixos, ou seja, as bolsas latinas estão baratas e os investidores estrangeiros, que estavam fora desses mercados, deverão voltar com força. Outro motivo que incentivará o descasamento dos dois mercados são as taxas de juros. "Os juros no Brasil caíram bastante no último mês e prevemos novos cortes no primeiro semestre", disse. Para 2001, o estrategista do J.P. Morgan tem uma meta de 18.744 pontos para o Ibovespa. Ele não tem meta para a Nasdaq. Para o índice S&P 500, a meta é de 1.400 pontos.

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