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Analistas consideram insuficiente aporte de R$ 1 bilhão da Usiminas

Proposta de injeção de capital na siderúrgica foi aprovada pelo conselho de administração na sexta-feira

Por Marcio Rodrigues
Atualização:
Para analistas, aporte é apenas um pequeno passo de uma longa caminhada Foto: Sindicato dos Metalúrgicos

SÃO PAULO - A proposta de injetar R$ 1 bilhão em capital na Usiminas, aprovada pelo conselho de administração da siderúrgica na última sexta-feira, foi bem vista pelo mercado, mas ainda é considerada insuficiente para reverter a situação delicada da companhia. O conselho volta a se reunir na próxima sexta-feira, dia 18, quando convocará uma Assembleia de Geral de Acionistas para deliberar sobre o tema. Em relatório, os analistas Ivano Westin, Renan Criscio e Ana Zinser, do Credit Suisse dizem que a injeção de recursos é apenas "um primeiro passo de uma longa caminhada". De acordo com os cálculos da instituição, mesmo que a Usiminas consiga sucesso na negociação com credores, condição necessária para que receba o dinheiro de seus controladores, a alavancagem da empresa deve sair de 15,4 vezes para 13,2 vezes, "o que ainda nos parece bastante desafiador e que demandaria uma melhora bastante significativa do mercado para passarmos a acreditar em uma desalavancagem mais agressiva". Ainda segundo o Credit Suisse, o montante de R$ 1 bilhão, com garantia de subscrição pela Nippon Steel, oferece apenas liquidez de curto prazo para a siderúrgica, uma vez que é insuficiente para cobrir o pagamento de dívidas da empresa em 2016. Aliás, o alongamento das dívidas junto aos bancos e o estabelecimento de um período de carência são condições para a injeção de R$ 1 bilhão na empresa. Na mesma linha, relatório do BTG Pactual diz que a Usiminas deu um passo na direção correta, mas os analistas Leonardo Correa e Caio Ribeiro calculam que a siderúrgica ainda precisaria de um aumento de capital adicional de R$ 3 bilhões, o que levaria a alavancagem da companhia para 11 vezes em 2016 e, mediante a normalização do mercado, atingindo 5 vezes em 2017. Ainda assim, "muito mais ainda seria preciso", como venda de ativos, mudança de gestão e reviravolta operacional agressiva. "Com o aumento de capital quase em mãos e com a negociação junto aos credores bem encaminhada, a Usiminas deu um passo importante para conseguir tempo", avaliam Correa e Ribeiro. "Dado que nosso preço-alvo para a ação da Usiminas é de R$ 3, um aumento de capital ao valor de R$ 5 por ação (como foi anunciado), seria razoável. E a razão para os acionistas minoritários de ações preferenciais deve ser semelhante", escrevem. "Os acionistas minoritários estão recebendo um 'carry' positivo deste negócio, com o grupo de controle injetando capital a um preço bem acima de negociação atual", continua o banco no relatório, destacando a manutenção da recomendação neutra para o papel e dizendo prever que a Usiminas continuará "operando com perdas até 2017". Por fim, relatório do Itaú BBA considera que o aumento de capital aprovado pelo Conselho da Usiminas não é "uma solução definitiva". A injeção de recursos, segundo o Itaú BBA, não resolve o principal problema da siderúrgica: o tamanho da dívida da empresa é incompatível com as perspectivas de geração de caixa. "Mantemos nossa recomendação de underperform (abaixo do desempenho de mercado) sobre a ação da Usiminas e ainda esperamos alguma pressão adicional, principalmente sobre papel preferencial, visto que o preço da oferta de R$ 1,28 proposto está 40% abaixo do preço de fechamento de sexta-feira, de R$ 2,14", escreveram os analistas Marcos Assumpção, Daniel Sasson e Carlos Eduardo Schmidt. Isso porque, além da proposta de aporte de R$ 1 bilhão, o conselho da Usiminas aprovou uma injeção adicional de até R$ 64,882 milhões, mediante a emissão de até 50,6 milhões de ações PNA, ao preço de R$ 1,28 por papel. Com isso, a injeção de capital total poderá alcançar até R$ 1,064 bilhão. Em meio a isso, vale lembrar que o grupo Ternium propôs capitalização adicional de até R$ 563 milhões, mediante a emissão de até 100 milhões de ações ordinárias e de até 100 milhões de ações PNA, ao preço de R$ 4,35 por ON e R$ 1,28 por PNA. A proposta também depende de a Musa, que ainda tem a Sumitomo entre os controladores, transfira pelo menos R$ 600 milhões para a siderúrgica, bem como da renegociação da dívida. "Um aumento de capital adicional pode ser necessário se as perspectivas de aço não mudarem substancialmente", escreveram os analistas do Itaú BBA. "Na sequência do aumento de capital, a Usiminas irá reduzir sua dívida líquida para R$ 4,9 bilhões, o que ainda não é compatível com uma empresa que gerou R$ 500 milhões em Ebitda em 2015 e com a nossa expectativa de Ebitda de R$ 600 milhões para 2016", continua o Itaú BBA, ao manter a recomendação de underperform com preço alvo de R$ 1,50 por ação. Para finalizar, os analistas da instituição ainda destacam dois sinais de que as divergências entre os controladores da Usiminas continuam: a aumento de capital de R$ 1 bilhão proposto pelo Nippon Steel não foi aprovado por unanimidade; e a Ternium propôs um aumento de capital menor, de R$ 563 milhões, e também está pedindo para a Usiminas considerar essa oferta na assembleia de acionistas que será convocada. "O conflito de acionistas é negativo para a Usiminas, uma vez que isso desvia o foco das operações" da empresa.

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