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Analistas criticam comentário sobre gasolina na ata do Copom

Por Agencia Estado
Atualização:

Analistas de mercado avaliam que o comentário feito na ata do Copom divulgada nesta quinta-feira, sobre a manutenção dos preços da gasolina, foi uma "interferência direta" no setor de petróleo no País. "Não foi nem uma sugestão velada, mas revela uma ingerência política num setor que não deveria estar sob controle", afirmou economista especializado em petróleo de instituição financeira de São Paulo. Já para uma analista do Rio, "as coisas estão ficando mais claras". "Basta agora que a Petrobras assuma que tem mesmo sido pressionada a manter seus preços para não afetar aspectos da macroeconomia". A nota do Copom informa que, embora a elevação das cotações internacionais do petróleo mantenha os preços internacionais da gasolina acima do praticado no mercado doméstico, a autoridade monetária mantém em seu cenário básico a hipótese de que não haverá reajuste nos preços domésticos dos combustíveis em 2005. O diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires, julga a opinião do Copom otimista e temerária. "É consenso mundial que os preços da gasolina devem bater seu recorde este ano. Dizer que não haverá reajuste no mercado interno é submeter a Petrobras a novos prejuízos além do já registrado", disse, lembrando que o setor de abastecimento da estatal teve queda de 50% em seus lucros em 2004, enquanto outras companhias do setor aumentaram o ganho em 70% no mesmo período, por conta da alta do petróleo. A previsão da Agência Internacional de Energia (AIE) para 2005, lembra outro analista, é de que o petróleo Brent fique na casa dos US$ 40 e WTI em US$ 45, ante US$ 38 e US$ 41 respectivamente no ano passado. Para alguns bancos esta previsão é ainda de preços mais altos, como o JP Morgan que estima o WTI a US$ 48. "Desde janeiro, os preços no mercado internacional já subiram em 30%, o que fez todos os bancos, agências e demais organismos e empresas ligados ao setor a reverem suas previsões para 2005. Só o Banco Central parece não querer enxergar isso", comentou Pires. Segundo cálculos do CBIE, a gasolina está hoje 13% mais barata no Brasil do que no mercado internacional e o diesel apresenta defasagem de 18%.

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