PUBLICIDADE

Publicidade

Analistas destacam economia favorável no início do próximo governo

Segundo eles, o desafio, agora, é aproveitar a oportunidade para acelerar as taxas de crescimento e garantir o desenvolvimento do País

Por Agencia Estado
Atualização:

Inflação baixa, moeda valorizada, exportação recorde, economia em expansão e dívida externa debelada formam o conjunto de fatores que fará com que o início do próximo governo seja o mais favorável, em termos macroeconômicos, de todos os mandatos presidenciais da recente democracia brasileira. O desafio, agora, é aproveitar a oportunidade para acelerar as taxas de crescimento e garantir o desenvolvimento do País, segundo diagnóstico consensual de vários economistas. "Em relação aos constrangimentos tradicionais associados aos desequilíbrios ancestrais da economia brasileira, eu diria que esse será o início mais favorável", afirma Fábio Giambiagi, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). "Em nenhum momento da história recente houve uma situação tão boa como essa", emenda Roberto Padovani, sócio-diretor da Tendências Consultoria. Em 2006, segundo o relatório Focus divulgado nesta semana pelo Banco Central, o IPCA (inflação oficial) deverá se situar em 2,98%, bem abaixo da meta estipulada pelo governo (4,5%). Situação drasticamente diversa da apresentada, por exemplo, em 1989, ano em que Fernando Collor saiu vitorioso das primeiras eleições diretas para presidente após o fim do regime militar e a inflação (IPCA) atingiu 1.972,91%. Em 1994, mesmo após o início do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso concorreu às eleições tendo como pano de fundo uma inflação que acumulou 916,46%. Em 1998, antes do início do seu segundo mandato a taxa foi muito baixa (1,66%), mas todos sabiam da fragilidade do controle inflacionário diante da mudança cambial que estava por vir. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu o fantasma da inflação, até então controlada, retornar enquanto concorria no pleito de 2002, ano em que o IPCA chegou a 12,53%, número perigoso diante dos 5,97% alcançados em 2001. "Hoje temos inflação baixíssima, desequilíbrio externo zero e déficit público moderado", ressalta Giambiagi. "Do ponto de vista conjuntural a situação está melhor e o fator determinante para isso é a conjuntura internacional", avalia o economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele lembra que Collor se deparou com uma "séria recessão" mundial no início do seu governo e Fernando Henrique teve de enfrentar forte turbulência internacional. Para Edgard Pereira, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o ponto de partida do novo governo será muito bom, com superação da vulnerabilidade externa e estabilidade monetária. "É a primeira vez que se inicia um novo governo sem problemas cambiais à vista", afirma. Oportunidade Mas, avaliam os economistas, a conjuntura favorável precisa ser o pano de fundo para acelerar a taxa de crescimento da economia brasileira. "Estamos começando a perceber que o buraco é mais embaixo, as limitações para o crescimento vão além desses constrangimentos tradicionais (como inflação e desequilíbrio externo)", observa Giambiagi. "É preciso que se retome um ciclo de investimentos na indústria brasileira", diz Edgard Pereira, do Iedi. Roberto Padovani observa que "o problema continua sendo crescer pouco". Para ele, o grande desafio agora é avançar em questões microeconômicas, com "quadro regulatório mais definido, Justiça que funcione, mercado de trabalho mais eficiente, mão-de-obra mais qualificada".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.