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Analistas esperam queda da Selic

A melhora do cenário externo e, internamente, a estabilidade da inflação e os bons fundamentos da economia abrem espaço para corte na taxa Selic, que está em 16,5% ao ano. Há analistas menos otimistas que apostam apenas no viés de baixa.

Por Agencia Estado
Atualização:

A maioria dos nove economistas ouvidos pela Agência Estado aposta que o banco central norte-americano (FED) deverá mudar sua estratégia de elevação dos juros em sua reunião de hoje. Entre eles, sete esperam que o FED altere a tendência dos juros para neutra e dois deles prevêem tendência de baixa. Os economistas, em sua maioria, também acreditam que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) irá anunciar amanhã uma redução da taxa básica de juros - Selic -, atualmente em 16,5% ao ano. Sete dos entrevistados apostam que a Selic cai para 16% ao ano, um deles espera uma redução de 0,25 ponto porcentual e outro economista prevê a manutenção dos 16,5%, mas com adoção de viés de baixa - possibilidade de o Banco Central (BC) reduzir juros antes da próxima reunião do Copom. De acordo com analistas, o quadro negativo dos últimos meses, que vinha forçando o BC a adotar uma atitude conservadora em relação aos juros, está sendo desmontado. "A melhora no cenário internacional abre espaço para o BC cortar o juro em 0,50 ponto porcentual", disse Costa Rego, economista-chefe do Banco Sulamérica. Para Mauro Schneider, do ING Barings, "houve uma melhora significativa das variáveis". Ele citou, por exemplo, o pacote de ajuda financeira à Argentina. Marcelo Carvalho, economista-chefe do JP Morgan, destacou, além da Argentina, os créditos concedidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) à Turquia. Entre os fatores do cenário externo, a queda do preço do petróleo também contribui para a redução dos juros. O barril do produto, que vinha sendo negociado abaixo de US$ 30, é destacado pelo economista Odair Abate, do Lloyds TSB. Cenário interno favorece corte juros No cenário interno, Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank no Brasil, aponta o bom comportamento da inflação brasileira como um fator que contribui para um corte na taxa Selic. É consenso no mercado financeiro que a meta de 6% de inflação prevista para este ano vai ser atingida ou com variação mínima para cima ou para baixo. Eduardo Faria, economista-chefe do Banco Safra, também chama a atenção para a cotação do dólar, que voltou para a casa de R$ 1,95, e o recuo das taxas de juros no mercado financeiro doméstico. Masaru Nakayasu, economista do Banco de Tokyo Mitsubishi, lembrou que os fundamentos da economia brasileira são bons (com exceção da balança comercial) e que, politicamente, o BC deverá cortar os juros para tentar provocar uma queda nas taxas de juros ao consumidor, que ficaram pressionadas com o agravamento recente da crise Argentina. Menos otimismo Entre os especialistas menos otimistas com o resultado da reunião do Copom consultados pela Agência Estado, está o economista-chefe do WestLB Banco Europeu, Nicola Tingas. "Pessoalmente, eu adotaria apenas o viés de baixa. Mas fazendo uma leitura agregada, eu acredito que haverá um corte de 0,25 ponto porcentual", afirmou. Tingas vê no cenário internacional alguns fatores que precisam ser melhor definidos, como a recuperação da economia Argentina - mesmo com o pacote de ajuda -, o inverno rigoroso no hemisfério Norte - que poderá pressionar o petróleo - e alguma preocupação com a economia dos EUA na virada do primeiro para o segundo trimestre de 2001. Já o economista Celso Toledo, da MB Associados, enxerga um cenário externo mais tranqüilo, mas acredita que o Banco Central será mais conservador, adotando apenas um viés de baixa para a Selic.

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