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Analistas estão céticos quanto a acordo entre Brasil e FMI

Por Agencia Estado
Atualização:

Ceticismo é o sentimento que domina os analistas internacionais em relação à viagem da missão brasileira, chefiada por Amaury Bier (da Fazenda) e Ilan Goldfajn (do Banco Central), que chegará a Washington amanhã. "Dadas as recentes declarações do Tesouro norte-americano e o incidente diplomático (a reação do governo brasileiro aos comentários de Paul O´Neill), uma nova assistência financeira ao Brasil parece duvidosa", afirmou o diretor de pesquisa econômica da BCP Securities, Walter Molano. "Além do mais, um pacote de ajuda financeira de US$ 10 bilhões não iria mudar o resultado final no Brasil. O País precisa de US$ 50 bilhões a US$ 70 bilhões em financiamento adicional para reestruturar a dívida interna e convertê-la em obrigações de longo prazo", acrescentou o analista. Infelizmente, ressaltou ele, as instituições multilaterais não dispõem de tais recursos para ajudar o Brasil. "O País não é prioridade para o G-7 (grupo de países mais industrializados). Portanto, já é hora de o Brasil jogar a toalha e aprender as lições da Argentina", afirmou. Segundo Molano, o governo brasileiro deveria agir enquanto dispõe de uma grande quantia de reservas internacionais, um sólido setor privado e algum acesso ao mercado de capitais internacional para implementar uma reestruturação de forma tranqüila da sua dívida interna e externa. "Senão, o Brasil acabará como a Argentina", afirmou. Também o economista para mercados emergentes do banco HSBC, David Lubin, está cético em relação a uma ajuda concreta como resultado da viagem de autoridades brasileiras à capital norte-americana. Para ele, a disparada da cotação do dólar ontem é um reflexo do sentimento do mercado de que será extremamente difícil para o Fundo Monetário Internacional (FMI) conseguir um novo pacote financeiro de credibilidade para o Brasil durante uma campanha presidencial, particularmente devido à relutância de Lula e Ciro Gomes em assinar um programa do FMI antes de serem eleitos. "Por um lado, é difícil crer que o Brasil ficará de mãos vazias por muito tempo. Mas, por outro lado, ainda continua quase impossível ver como Washington poderá ajudar o Brasil sem um acordo com todos os candidatos às eleições presidenciais - supondo, é claro, que o Tesouro norte-americano ache desejável ajudar o Brasil neste estágio", explicou Lubin. "Não estamos convencidos de que possa ser alcançada muita coisa nessa viagem a Washington", acrescentou.

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