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Analistas explicam porque o consumidor não sente a deflação

Por Agencia Estado
Atualização:

O consumidor não tem sentido o reflexo da deflação mostrada pelos institutos de pesquisas de preços e os especialistas têm explicação para isso. De acordo com o economista Juliano Cecílio, analista de inflação do banco Safra, esta deflação não é forte o suficiente para ser notada pelo público. "O IPCA de julho deverá ficar entre zero e uma pequena queda deflação de 0,10%. Se uma família gasta, por exemplo, R$ 1 mil por mês, sua economia será de apenas R$ 10. Mas para quem acompanha inflação, uma queda desta magnitude é grande", afirma. Para o economista e coordenador dos Índices de Preços ao Consumidor (IPCs) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Furtado Braz, a questão é que ninguém tem a mesma inflação. "Cada família tem um hábito de consumo diferente. Normalmente, os gastos são em insumos que nem sempre estão caindo. Podem estar estáveis ou subindo", diz. Braz lembra que a deflação registrada a partir de junho foi provocada, basicamente, pelos grupos alimentação e transportes. Nos alimentos, diz ele, as quedas foram das hortaliças, frutas e legumes. "O grupo alimentação pesa 27,5% no IPC, mas muitas famílias concentram seus gastos em arroz, batata e carne. No grupo transportes, que pesa 13,73% na composição do IPC, a queda veio da gasolina e álcool, com reflexo sobre o transporte individual. Mas grande parte das famílias não possui carros. Seus gastos são com transporte público", diz Braz. De acordo com Braz, outro fator que cria para o consumidor a sensação de que as informações passadas pelos indicadores de inflação não condizem com a realidade dos preços no varejo é a rigidez dos índices. "Se o índice é rígido, o consumidor não é. Ele pode comprar mais, menos ou até deixar de comprar. Ele pode fugir da inflação ou não. Mas o instituto vai sempre coletar os mesmos preços", diz. Outra coisa que confunde o consumidor, diz o economista da FGV, é a base de comparação. Por exemplo, o movimento forte de alta da inflação se deu do começo do ano para cá. "Só que a queda não se dá com a mesma velocidade e nem sempre volta ao nível. Com isso, a base de comparação, em muitos casos, sempre será mais baixa, mesmo com as fortes quedas".

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