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Analistas falam da importância da China no cenário mundial

Por Agencia Estado
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A China, um ilustre desconhecido do Ocidente, está no centro de todo o crescimento mundial. Qualquer decisão que o maior país do mundo em extensão territorial tome, como deixar de comprar títulos do Tesouro americano, pode provocar uma mudança na economia internacional. Esse foi o tema do programa Espaço Aberto, da Globo News, que teve a participação do economista e ex-diretor do Banco Central Ilan Goldfajn e do sociólogo e especialista em relações internacionais Demétrio Magnoli. Talvez só daqui a 30 ou 40 anos a China poderá vir a ser considerada uma economia de mercado, conforme foi reconhecido pelo governo brasileiro. Esta é a opinião do economista Ilan Goldfajn. Ele disse que a economia e o crédito chineses ainda são controlados. "As políticas monetária e cambial, apesar de haver um agente responsável pelas reservas, são decididas pelas autoridades políticas", ensinou Ilan. "É muito cedo ainda para definir a China como algo próximo da economia de mercado." Conflito social Na opinião do ex-diretor do Banco Central, o governo chinês não tem outra opção senão manter o país em crescimento acelerado para evitar que ocorra um novo conflito social, como aquele que resultou no massacre de estudantes na Praça da Paz Celestial, em 1989. "Eles não têm a opção de deixar o crescimento cair a taxas próximas a 1% ou 2%", prosseguiu o economista, considerando o crescimento atual da economia em torno de 8% a 10% ao ano. "E uma queda para algo como 5% já vai ser um baque muito grande e pode gerar descontentamento." Novo rumo Para Demétrio Magnoli, foi justamente após a crise de 1989 que ocorreu a mudança de rumo da abertura da economia chinesa, no início dos anos 90, quando o governo local estabeleceu a permissão da propriedade das empresas pelo capital estrangeiro. "Antes disso, nos anos 80, o que existia era a entrada de capital de investimento estrangeiro para formar parcerias com empresas estatais", recordou o sociólogo. "Essas empresas controlam a fatia do leão - dependendo do setor de 70% a 90% - das exportações em todos os setores de alta tecnologia." Perigo chinês O peso das gigantescas reservas em dólares da China pode representar um perigo para a economia mundial. Na opinião de Ilan Goldfajn, o risco estaria em uma mudança repentina da composição dessas divisas pelo governo chinês. "Uma economia que tem US$ 514 bilhões em reservas, se fizer apenas uma mudança pequena (na sua composição), faz com que o dólar despenque", alertou Ilan. E, como grande parte dessas reservas compõe-se de dólares e de títulos americanos, "não só o dólar deprecia, como também os juros podem subir", explicou. "Não seria bom para o mundo se isso fosse feito de uma forma abrupta." Novo equilíbrio Por se tratar também de um importante credor do déficit americano, a China é um fiador fundamental para o equilíbrio da economia mundial. "Se a China não investe o seu superávit pesadamente em títulos americanos, desfaz-se o mecanismo de financiamento do déficit dos Estados Unidos", ponderou o sociólogo. Nesse caso, a economia mundial precisaria buscar um novo equilíbrio, provocando uma crise que atingiria em cheio os países emergentes. "Essa procura é uma procura crítica. O Brasil sentiria fortemente os efeitos de um aumento dos juros nos Estados Unidos, isso atingiria mortalmente a política econômica aqui no Brasil."

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