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Analistas já esperavam manutenção da Selic

O mercado previa quase unanimamente a manutenção da Selic em 19% ao ano sem viés. As incertezas do cenário externo inviabilizam uma queda da taxa e a inflação está sob controle, não sendo necessária uma alta, que aumentaria as despesas do governo com juros e agravaria a desaceleração da economia.

Por Agencia Estado
Atualização:

Os analistas ouvidos pela Agência Estado, assim como quase todos no mercado esperavam a manutenção da Selic - a taxa básica referencial de juros da economia, em 19% ao ano. Todos afirmam que não há espaço para uma queda nos juros nem motivos para uma alta. Wilson Ramião, economista do Lloyds TSB, confirma a opinião de que o cenário externo não permite queda dos juros. "Mesmo com uma melhora da situação da Argentina, as perspectivas de longo prazo não são boas. As eleições legislativas, por exemplo, reduziram muito o apoio político ao governo do presidente Fernando de la Rúa." Mas embora a crise argentina afete diretamente os mercados brasileiros, o destaque é para os Estados Unidos. O maior temor dos investidores é quanto aos fatores que não podem ser medidos. O país está em guerra no Afeganistão, podendo alastrar-se para outros países ou tornar-se uma campanha militar longa, custosa e desgastante, com graves efeitos para a economia mundial. E há ainda a possibilidade de novos ataques terroristas. Segundo Sérgio Machado, diretor de Tesouraria do Fator Doria Atherino, o cenário externo é extremamente preocupante. "Os casos de bioterrorismo no Senado norte-americano e assassinato de um ministro de Estado em Israel trazem muita apreensão". Segundo ele, os mercados agem com muita emoção diante desses acontecimentos e da possibilidade de novos ataques, provocando oscilações. "Os prazos das análises estão mais curtos por causa da forte instabilidade. Movimentos que demorariam meses para se processar no mercado agora podem durar semanas", observa. Roberio Costa, economista sênior do Citibank, destaca que "o país está em forte desaceleração econômica, derrubando as projeções de crescimento no mundo inteiro." O próprio governo norte-americano considera uma recessão inevitável e trouxe o juro básico real (descontada a inflação) para zero. As projeções do Citibank mostram desaceleração econômica na Europa e recessão no Japão, e os emergentes, como o Brasil, também devem apresentar resultados piores do que o esperado antes de 11 de setembro. Elevação da Selic agora seria desnecessária e custosa Por outro lado, os analistas não esperavam uma elevação da Selic, pois a inflação está sob controle. O próprio presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, havia dito que a inflação deve superar a meta estabelecida pelo governo, de 4% para 2001, podendo oscilar entre 2% e 6%. O BC projeta uma taxa de 6,5% para o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), utilizado no cálculo da meta. Ele disse considerar que uma elevação da Selic para forçar o cumprimento do objetivo por meio ponto porcentual, nas atuais circunstâncias, não faria sentido. O custo de uma elevação dos juros seria grande. Para o governo, os gastos com a dívida pública cresceriam e a desaceleração da economia se agravaria. Como o dólar apresenta maior estabilidade, mesmo que a um patamar elevado, de cerca de R$ 2,70, também não haveria por que tentar controlar o câmbio por aumento dos juros. Assim, governo tentará evitar uma subida da Selic enquanto o cenário internacional permitir.

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