
23 de março de 2019 | 05h00
Mesmo com os indicadores mostrando um começo de ano difícil para a economia brasileira, os analistas continuam confiantes no desempenho das ações de empresas voltadas principalmente para a demanda local, especialmente varejistas e bancos. Mas há praticamente um consenso de que essa expectativa ainda positiva depende muito da aprovação da reforma da Previdência, que tem provocado ruídos entre o governo e o Congresso Nacional.
Para Felipe Silveira, analista da Coinvalores, o ritmo de recuperação da economia neste primeiro trimestre está realmente aquém do esperado, e isso tem impacto sobre as projeções de crescimento para 2019. “Mas o desempenho desses papéis está mais relacionado com a perspectiva de médio/longo prazo para a economia e, nesse sentido, o mercado tem ficado mais atento ao andamento das reformas, em especial da Previdência, do que nos indicadores desse começo de ano. E isso deve continuar, com a aprovação da PEC sendo essencial para a continuidade do bom momento da Bolsa no decorrer desse ano”, afirma o analista.
“Não houve alteração em nossa perspectiva para os setores mais dependentes da demanda doméstica. Os riscos continuam exercendo pressões negativas sobre as expectativas, e a atividade econômica continua baixa”, afirma Alexandre Faturi, analista da Nova Futura Investimentos.
Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, lembra que o ano começou com fortes altas no Ibovespa, com um sentimento muito positivo em relação à recuperação da economia, mas neste momento, há mais ceticismo com o ritmo da retomada, com o desemprego ainda alto. “O gatilho para a retomada está vinculado ao andamento da aprovação da reforma da Previdência, e qualquer sinalização positiva ou negativa sobre este tema é o que direciona os mercados. Prova disto é o comportamento destes dias, com Bolsa caindo e dólar subindo”, afirma.
Ele ressalta que ainda não há alterações nas perspectivas da Mirae sobre as ações mais impactadas pela economia local, com a ressalva de que quanto mais demorar a aprovação da reforma, mais a economia continuará travada. “O risco agora é perder mais um ano, o que julgamos pouco provável. As apostas ficam para uma forte retomada no segundo semestre”, completa.
Ricardo Perretti, estrategista de pessoa física da Santander Corretora, afirma que mantém a visão construtiva em relação aos setores bancário, varejista e outros mais influenciados pela economia local. “Prova disso foi nossa recente atualização de premissas do setor bancário, na qual reiteremos a recomendação de compra para todos os bancos brasileiros sob nossa cobertura, além de elevar seus respectivos preços-alvo”, ressalta. O Santander projeta crescimento de 2,3% para o PIB em 2019.
Poucas corretoras fizeram alterações em suas carteiras para a próxima semana. A Guide Investimentos inseriu B2W ON e Petrobrás PN. Sobre a estatal, os analistas destacam algumas expectativas de curto prazo, como a continuidade da venda de ativos e venda dos barris da cessão onerosa.
A Terra Investimentos trocou Petrobrás PN por BR Distribuidora ON. A Mirae manteve somente CCR ON em relação à semana passada, e inseriu Hypera ON, Indústrias Romi ON, Localiza ON e SulAmérica Unit. A Nova Futura trocou toda a carteira. Saíram Bradesco PN, Cosan ON, Gerdau PN, Petrobras PN e Weg ON. Entraram IRB Brasil Re ON, Braskem PNA, Kroton ON, BRF ON e Suzano ON.
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