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Analistas vêem tendência positiva

Para especialistas, queda do juro acima do esperado deve aliviar temores em relação à evolução da crise

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast) e Vinícius Pinheiro
Atualização:

As bolsas de valores globais comemoraram a redução de 0,5 ponto porcentual, para 4,75% ao ano, da taxa básica de juros nos Estados Unidos. Vários mercados acionários ficaram próximos dos níveis que ostentavam antes do início das turbulências financeiras. O vaivém das cotações começou em 24 de julho, com o aprofundamento da crise imobiliária americana. Ontem, o Índice Dow Jones subiu 2,51%, para 13.739 pontos, e a bolsa eletrônica Nasdaq, 2,71%, para 2.651 pontos - o primeiro estava em 13.943 pontos no dia 23 de julho e o segundo, em 2.690 pontos. O Índice Merval, da Bolsa de Buenos Aires, avançou 2,9%, enquanto a Bolsa do México subiu 2,72%. No Brasil, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo chegou a 56.666 pontos, ante 58.036 pontos em 23 de julho. O risco Brasil, em 182 pontos, ficou abaixo do nível pré-crise - em 23 de julho, estava em 183 pontos. Para Caio Megale, economista da Mauá Investimentos, o mercado deverá manter o tom otimista, com a possibilidade de algumas correções, até a divulgação de novos dados sobre a atividade econômica nos EUA. ''''Ainda que os próximos números venham ruins, agora existe a percepção de que o banco central americano (Fed) está atento e deverá agir para conter o risco de recessão.'''' Roberto Padovani, economista do banco WestLB, avalia que a redução concomitante da taxa de redesconto (que caiu de 5,75% para 5,25% ao ano) levará mais bonança para os mercados nos próximos dias. ''''Esse é o cenário mais otimista do mundo porque no curto prazo vai provocar uma distensão muito forte nos mercados'''', disse. Para ele, a medida deve ter um impacto positivo para o mundo, em especial para o Brasil, porque o dólar deve cair, o que contribui para a desaceleração dos índices de inflação. Na avaliação do estrategista do Banco BNP Paribas no Brasil, Alexandre Lintz, a sinalização do Fed sobre a inflação no comunicado divulgado ontem foi mais um fator que ajudou a tranqüilizar os mercados. Na nota, o Fed diz que ''''as medições do núcleo da inflação melhoraram modestamente neste ano''''. ''''A perspectiva, passada pelo Fed, de que inflação vai se acomodar, tem um efeito tranqüilizador'''', observou Lintz, lembrando que, nos comunicados das decisões anteriores, o banco central americano demonstrou maior preocupação em relação ao comportamento dos preços. De acordo com o especialista, o cenário configurado pela decisão do Fed e pelas indicações traçadas no comunicado é bastante positivo para o Brasil, pois sugere que a liquidez irá continuar. Lintz prevê mais dois cortes de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros dos EUA até o fim do ano. O diretor para América Latina do Banco ABN Amro, Alexandre Schwartsman, concorda. Para ele, a expectativa geral no mercado é de ao menos um novo corte de juros nos Estados Unidos. Ele ressaltou, porém que, a rigor, o comunicado do Fed não dá nenhuma sinalização a esse respeito. ''''Mas acho que é difícil que se faça um movimento só e que em si seja suficiente'''', afirmou. ''''Em geral, é preciso um conjunto de quedas'''', completou. Em relação à reação das bolsas, o diretor do ABN acredita que, com um corte mais forte do que se imaginava, ocorre uma reavaliação do preço do ativo e essa informação nova já foi incorporada ontem. ''''Daqui para frente, será preciso outro tipo de informação para seguir puxando as ações, e aí se entra em um outro tipo de terreno. Se o Fed está correto em sua avaliação sobre a atividade econômica, a bolsa não é o ativo que você gostaria de ter'''', afirmou. EURO BATE RECORDE O euro bateu uma sucessão de recordes ante o dólar no mercado nova-iorquino ontem. A moeda européia chegou a ser cotada por US$ 1,3983, na máxima do dia. ''''Foi amplamente negativa para o dólar a perspectiva de juro mais baixo nos EUA'''', disse Rebecca Patterson, estrategista de câmbio do JPMorgan. Ela alertou para a diferença entre as taxas básicas nos EUA (agora em 4,75%) e na zona do euro (4% ao ano). COLABORARAM PAULA PULITI E PAULA LAIER

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