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Andrade, da Caoa, sonha com carro 100% nacional

Enquanto isso, empresário avança com os planos de ampliar a fabricação de modelos da coreana Hyundai

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Por Redação
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Visto com ressalvas entre alguns executivos do setor automobilístico, o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade - cujas iniciais dão nome ao grupo Caoa - tem avançado em seu projeto de fabricante nacional de carros, embora com atraso em relação ao planos inicialmente anunciados. Formado em Medicina, Andrade entrou no ramo ao comprar uma revenda falida de Campina Grande (PB) em 1979. E obteve licença da Hyundai para produzir veículos da marca quando a montadora coreana ainda não tinha muito prestígio. Hoje, a coreana é uma das que mais crescem no mundo, até mesmo no mercado americano, onde detém 4,2% das vendas, o dobro do ano passado. Em 2008, Andrade conseguiu negociar com a Hyundai a manutenção de contratos para a produção de veículos mais voltados ao segmento de luxo, mesmo quando a companhia decidiu construir fábrica própria no Brasil para a produção de modelos compactos. O projeto anunciado para a cidade de Piracicaba (SP) foi congelado - por causa da crise, segundo informou o grupo -, mas segue nos planos da companhia. Andrade já foi o maior revendedor Ford no País e ainda mantém várias revendas da marca, além de ter respondido pela importação de veículos da francesa Renault. Hoje, representa, além da Hyundai, a japonesa Subaru. É tido no meio como negociador ardiloso, o que lhe rende críticas por parte de alguns executivos do ramo. "A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) me recebeu bem e não tenho nenhum problema", desconversa o executivo. A Caoa teve sua filiação à entidade aprovada no ano passado, mas só a partir de maio seus números começaram a ser publicados no boletim mensal que traz dados de todas as fabricantes nacionais. Há duas semanas, Andrade esteve na Coreia do Sul para receber um prêmio da Hyundai como melhor revendedor da marca no mundo. Segundo ele, a premiação leva em conta, entre outros itens, desempenho e serviços de pós-venda da rede. Andrade coleciona ações na Justiça, algumas em que saiu vencedor, em outras perdedor. Na mais polêmica delas, foi investigado, nos anos 90, por suposta participação no assassinato do namorado de uma ex-namorada sua. O processo foi arquivado. O empresário paraibano hoje com 65 anos ganhou ação milionária contra a Renault, por rompimento de contrato quando a montadora francesa decidiu construir fábrica no Brasil. Perdeu processo aberto por um ex-advogado por falta de pagamento de honorários e por várias vezes tem sido citado por campanhas publicitárias consideradas desleais por concorrentes. O ânimo de Andrade não parece se abalar. Ele mantém o sonho de produzir um carro totalmente brasileiro, embora admita ser cada vez mais difícil. Enquanto isso, segue com os planos de ampliar a gama de produtos Hyundai. "Até 2012, no máximo, teremos cinco modelos, produção prevista de 100 mil veículos por ano e um total de R$ 1,2 bilhão em investimentos", diz Andrade. "Tudo com recursos próprios, como foi até agora."

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