O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, admitiu nesta quarta-feira que, se as usinas termelétricas das Regiões Sudeste e Centro-Oeste tiverem de ser ligadas novamente, em janeiro, poderão se repetir os problemas no fornecimento de gás a consumidores como indústrias e a motoristas que utilizam em seus veículos o GNV (Gás Natural Veicular), como aconteceu no fim do mês passado no Rio de Janeiro e em São Paulo. "Se as térmicas tiverem que ser ligadas, podemos ter um problema de alocação de gás, talvez assemelhado, mas mais organizado que o do mês passado. Mas, ainda assim, será um problema", disse Kelman, após participar de um seminário na Comissão de Minas e Energia, na Câmara dos Deputados. Na terça-feira, a Aneel divulgou um alerta de que as térmicas que constam do termo de compromisso firmado entre a agência e a Petrobrás e que estão localizadas no Sudeste e no Centro-Oeste poderão ser acionadas em 1º janeiro se o nível dos reservatórios das hidrelétricas dessas regiões não passar dos atuais 50% para 61% da capacidade de armazenamento. O nível de 61% para a capacidade dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste a partir de 1º de janeiro consta da proposta do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para a atualização da Curva de Aversão a Risco no biênio 2008-2009. Essa curva é um modelo usado pelo ONS para monitorar o setor elétrico do País e definir quando as térmicas precisam ser acionadas para economizar a água dos reservatórios das hidrelétricas. Kelman fez questão de esclarecer, no entanto, que esse porcentual (61%) ainda não é uma regra definitiva, pois será submetida a uma audiência pública na agência. "Nossa expectativa é a de aprovar o porcentual definitivo até o fim do ano. Essa curva de aversão ao risco ainda não está (oficialmente) aprovada", disse ele. O diretor acrescentou que, mesmo sendo confirmada a exigência de 61%, pode ocorrer que não seja necessário ligar as térmicas, uma vez que é possível que as chuvas de dezembro seja suficientes para elevar o nível dos reservatórios até este patamar. Kelman disse ainda que o ONS propôs neste ano a imposição de um porcentual mais elevado de nível dos reservatórios por causa de "alguns acidentes de percurso" que afetaram, ao longo do ano passado, alguns recursos energéticos com os quais o País contava. A principal diferença, segundo o diretor, foi a retirada do planejamento de cerca de 4 mil megawatts (MWs) que, em tese, poderiam ser gerados por usinas termelétricas movidas a gás, mas que, na prática, não podem ser produzidos devido à escassez do combustível.