PUBLICIDADE

Publicidade

Aneel cancela projeto de importação de energia da Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

O maior projeto de importação de eletricidade incluído pelo governo no Programa Estratégico de Aumento da Oferta de energia entre 2001 e 2004 foi cancelado esta semana pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo o órgão, o pedido para revogar a autorização - concedida em março de 2001 - do empreendimento partiu da própria empresa, Energia do Sul Ltda (EDS), pertencente ao grupo francês Totalfina Elf. O projeto previa a importação de 1.200 megawatts de potência da Argentina até a cidade de São Paulo. Para isso, seria preciso construir uma linha de transmissão entre Yacireta e Puerto Iguazu, na Argentina, e outra entre Foz do Iguaçu e alguma subestação no Estado de São Paulo, que não chegou a ser definida pela empresa. De acordo com o programa do governo, a primeira etapa, de 400 MW, entraria em funcionamento em 2003 e a segunda, de 800 MW, em 2004. O pedido de cancelamento de autorização teria como causa a crise argentina e também as indefinições regulatórias no setor elétrico brasileiro, que afetam o pleno funcionamento do Mercado Atacadista de Energia (MAE). Outra justificativa apontada pela empresa é a mudança na diretoria de Furnas Centrais Elétricas - com a saída de Luiz Carlos Santos, o engenheiro Dimas Fabiano Toledo assumiu a presidência. A ligação com a estatal brasileira era a comercialização da energia importada, feita por intermédio de Furnas. Além disso segundo nota da Aneel, a Totalfina, que adquiriu a EDS da argentina Central Puerto, não teria mostrado interesse pela realização do projeto no Brasil. Sem o empreendimento, a quantidade de energia a ser importada dos países vizinhos e incluída no programa do governo foi reduzida para 1.323 MW, volume que virá de Argentina, Bolívia e Uruguai. O maior projeto, com a retirada da EDS, é o da Cien, que trará 1.000 MW da Argentina. Os demais prevêem quantidades mais modestas. A Eletrobrás trará 35 MW também da Argentina e 63 MW do Uruguai. A norte-americana Duke Energy, em parceria com a Petrobras, importará 88 MW da Bolívia. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o cancelamento do projeto não deverá trazer transtornos para o abastecimento da rede brasileira. Segundo técnicos da instituição, nos relatórios de controle do governo para manter o nível dos reservatórios e afastar o risco de novo racionamento este ano apenas foram considerados os empreendimentos em estágio mais avançado. Como as obras para a importação não progrediram, o projeto não foi incluído. Segundo a Aneel, a EDS não descartou a possibilidade de voltar a solicitar autorização para realização do projeto de importação de eletricidade da Argentina, desde que as pendências regulatórias do setor elétrico brasileiro sejam solucionadas. Abrage - A Associação Brasileira das Geradoras de Energia Elétrica (Abrage) afirmou que a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE) anunciará na quinta-feira uma solução para o pedido de compensações das geradoras - anunciado inicialmente como um total de R$ 920 milhões, mas que pode atingir R$ 1,3 bilhão. O montante deverá representar ou aumento do reajuste extraordinário para cobrir as perdas do racionamento ou o alongamento do período de cobrança do porcentual de aumento de 2,9% para classe residencial e 7,9% para o industrial.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.