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Aneel descarta relação entre apagão e crise hídrica

Segundo o diretor da agência, André Pepitone, falha no sistema elétrico desarmou usinas e deixou a geração de energia menor que o consumo

Por Anne Warth
Atualização:
O diretor da Aneel, André Pepitone, reiterou a segurança do sistema elétrico brasileiro, mas admitiu que ele está sujeito a falhas. Foto: Sergio Castro/Estadão

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, explicou que o apagão de energia que atingiu 10 Estados brasileiros e o Distrito Federal foi motivado pela queda na frequência do sistema elétrico. Segundo ele, quando a frequência cai abaixo de 60 hertz, algumas usinas são desarmadas, de forma que a geração de energia fica inferior ao consumo. Pepitone reconheceu que o País vive um momento crítico. Com chuvas abaixo da média histórica, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas estão baixos, mas ele negou que haja qualquer relação entre esse fato com o apagão.

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Ainda segundo Pepitone, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) imediatamente mandou as distribuidoras cortarem carga para restabelecer a frequência do sistema. "O fato que podemos observar e que é importante é que o sistema foi restabelecido em uma hora. Isso prova a robustez do Sistema Interligado Nacional (SIM) e mostra que os equipamentos que buscam manter o controle do sistema funcionarão a contento", afirmou.

O diretor da Aneel reiterou a segurança do sistema elétrico brasileiro, mas admitiu que ele está sujeito a falhas. Segundo ele, essas falhas que causaram a queda na frequência e o desligamento das usinas serão identificadas para aprimorar a segurança do sistema elétrico.

"De fato, estamos vivendo um ano de hidraulicidade adversa", afirmou, ressaltando que as usinas térmicas, eólicas e de biomassa têm ajudado o sistema a vencer essa dificuldade. "Com certeza, esse é um ano que vai exigir atenção. Temos de torcer para chover", conclui. 

Dilma cobra explicações. O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Pepe Vargas, assegurou que "não há risco de apagão" e que a interrupção no fornecimento de energia foi causada por "falhas técnicas", segundo o Operador Nacional do Sistema. De acordo com o ministro, a presidente Dilma Rousseff cobrou "explicações dos motivos da falha técnica" de todos os setores envolvidos com a prestação do serviço. O ministro avisou ainda que "mais do que explicações e justificativas, a presidenta quer medidas para que isso não ocorra mais".

Pepe Vargas falou das preocupações da presidente Dilma com o apagão e assegurou que "o importante é que não temos o risco de apagões por conta de falta de geração e falta de distribuição, como aconteceu no passado". Depois de reiterar que "o risco de apagão não está presente no País", o ministro das Relações Institucionais salientou que não há esta hipótese "mesmo com a severa estiagem prolongadíssima, preocupante que gera risco ao abastecimento hídrico para a população em algumas regiões do País". O ministro comentou ainda que, para a presidente, o ideal é que não aconteçam sequer falhas técnicas no sistema. As declarações do ministro da SRI foram dadas em café da manhã para os jornalistas no Planalto. 

Apesar de o ministro falar em "falhas técnicas" que teriam levado ao apagão de ontem, as informações sobre as causas do problema foram divergentes, segundo o Estadão apurou. O ONS disse que uma das causas do problema foi pico de consumo. Mas o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM), informou que o problema ocorreu por falha em uma linha de transmissão de Furnas. Nesta manhã, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que uma queda na frequência do sistema elétrico desarmou as usinas e que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) imediatamente mandou as distribuidoras cortarem a carga para restabelecer a frequência.

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