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Aneel já prevê atraso na produção de Jirau

Causa é a liminar que suspendeu o início das obras

Por Leonardo Goy
Atualização:

Os contratempos que vêm atrasando a execução das obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), preocupam o governo. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, chegou ontem a dizer que dificilmente a hidrelétrica começaria a produzir energia em 2012, como promete o consórcio Energia Sustentável do Brasil (Enersus), responsável pela obra. Segundo Kelman, a causa do provável atraso é a liminar da Justiça Federal de Rondônia que suspendeu a instalação do canteiro de obras. A liminar pode impedir que seja aproveitada a chamada janela hidrológica, época do ano em que chove menos e o fluxo do rio está mais fraco, possibilitando os trabalhos. Kelman deixou claro que, mesmo se Jirau atrasar, isso não significa que faltará energia para o País em 2012. "O resultado (do atraso) não será a falta de energia, mas sim a produção de energia mais cara e poluente", afirmou Kelman. Ele explicou que, se de fato Jirau não entrar no sistema em 2012, a Aneel será obrigada a fazer um novo leilão de energia no ano que vem para contratar 1.000 megawatts (MW) para serem entregues no lugar da energia da hidrelétrica. Salientando que, provavelmente, esse leilão contrataria térmicas movidas a óleo, Kelman afirmou que os consumidores no País gastarão, somente em 2012, mais R$ 400 milhões para comprar essa energia. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que participou junto com Kelman de seminário no Senado, disse que esse prejuízo, causado pela substituição de energia de Jirau em 2012, pode chegar a algo entre R$ 1 bilhão a R$ 4 bilhões em um horizonte de 15 anos. Procurado, o presidente do Enersus, Victor Paranhos, disse que ainda é possível que a hidrelétrica de Jirau comece a gerar energia em janeiro de 2012. ''Ainda não perdemos a janela hidrológica. Mas, esperamos que a liminar (que suspendeu as obras) caia até, no máximo, a próxima segunda-feira'', disse. ENSECADEIRA Paranhos afirmou que, para que a usina comece a gerar em 2012, a "ensecadeira" - espécie de dique que ''seca'' parte do leito do rio, abrindo espaço para o avanço de outras etapas da obra - tem de estar concluída até o final de janeiro do ano que vem. Para que isso aconteça, a obra precisa começar até aproximadamente o dia 15 de dezembro já que a construção da ensecadeira leva de 30 a 45 dias. "No momento, a vazão do Rio Madeira está 20% abaixo da média histórica para essa época do ano. Por enquanto, dá para aproveitar", disse.

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