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Aneel nega pedido de Jirau sobre pagamentos

Hidrelétrica pediu suspensão de depósito obrigatório na Câmara de Comercialização de Energia porque está sem receber de distribuidoras

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Eduardo Rodrigues
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BRASÍLIA - Mesmo ciente das dificuldades de caixa da hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) negou nesta terça-feira, 20, uma medida cautelar pedida pela Energia Sustentável do Brasil (ESBR), que controla a usina, sobre a inadimplência de distribuidoras de eletricidade que não têm honrado seus compromissos com a geradora.

A companhia pediu a suspensão da obrigatoriedade de fazer depósitos na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), na proporção da dívida a receber das distribuidoras. A usina hidrelétrica de Jirau precisa apresentar na quinta-feira, 22, as garantias de R$ 60 milhões para a próxima liquidação de curto prazo do setor elétrico, marcada para o dia 10 de outubro.

Usina fica no Rio Madeira, em Rondônia Foto: Noah Friedman/ NYT

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A ESBR alega ter uma inadimplência de R$ 36,2 milhões até julho da parte das distribuidoras, sendo quatro do Grupo Eletrobrás – localizadas no Acre (Eletroacre), Amazonas (AME), Alagoas (Ceal) e Piauí (Cepisa) –, além da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA).

Jirau também cita outras dificuldades, como os R$ 19,7 milhões de juros indevidos, referentes ao pagamento do risco hidrológico de geração (GSF). Ao todo, o impacto no caixa da companhia seria de cerca de R$ 150 milhões.

Já o diretor da Aneel relator do pedido, Reive Barros, considerou que a solução para a inadimplência das distribuidoras da Eletrobrás já está encaminhada, e destacou que a questão deve ser resolvida até o fim do ano. Além disso, para o diretor, o pedido da ESBR acarretaria risco a todos os demais agentes do mercado de liquidação de energia elétrica.

“Apesar do pedido de Jirau parecer viável, é grande o risco de contaminação do restante do mercado de curto prazo de eletricidade no País”, afirmou Barros, que também considerou inoportuno o adiamento da data da próxima liquidação. “Não estão presentes os requisitos para concessão da medida cautelar”, completou.

Decisão. Por isso, a Aneel entendeu que Jirau deve buscar recursos no mercado para honrar as garantias da próxima liquidação. Já o diretor-presidente da ESBR, Victor Paranhos, afirma que a companhia já esgotou sua capacidade de buscar financiamentos e não sabe ainda de onde virão os recursos para arcar com a garantia.

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“Não sabemos ainda o que fazer. Mas vamos ter que reunir os sócios para buscar o aporte necessário. Contamos com a rapidez das distribuidoras em operacionalizarem pelo menos parte do pagamento até a data da liquidação”, disse o executivo Victor Paranhos, após a decisão da agência reguladora.