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Aneel reduz em 25% projeção de energia para 2014

Em janeiro, agência projetava um crescimento de 10,1 mil MW na matriz elétrica do País este ano, mas número foi reduzido agora para 7,6 mil MW

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Por André Borges
Atualização:

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foi obrigada a reduzir em quase 25% o volume de energia que deveria ser adicionado ao parque elétrico nacional neste ano por causa de atrasos em grandes obras de geração de energia. Em janeiro, a Aneel havia projetado acrescentar um total de 10.126 megawatts (MW) de potência à matriz elétrica do País, atualmente em 132 mil MW. No fechamento de outubro, porém, a agência revisou sua previsão, reduzindo a 7.641 MW o volume para todo o ano de 2014. Essa frustração de 2.485 MW ajudou a pressionar ainda mais as usinas térmicas, que desde o ano passado operam a plena carga para tentar aliviar o estado crítico dos níveis de água nos reservatórios das hidrelétricas. A redução no volume de energia previsto pela Aneel foi puxada, principalmente, pelo atraso nas operações da hidrelétrica de Jirau, em construção no Rio Madeira, em Porto Velho (RO). A usina, cujo projeto prevê a operação de 50 turbinas quando estiver concluída, vai fechar 2014 com 18 turbinas ligadas, quando seu cronograma previa que 40 turbinas estivessem em operação até o fim deste ano. No cronograma de operações de Jirau, afirma a Aneel, os atrasos chegam a 24 meses. "Dos 2.482,81 MW de diferença, um montante de 900 MW pode ser explicado por alteração na previsão das UGs (unidades de geração) da hidrelétrica Jirau", afirma a Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração da Aneel, em seu primeiro boletim do ano. O consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR), dono da usina de Jirau, informou que, na semana passada, colocou a sua 16.ª turbina em operação comercial e que, dessa forma, teria "zerado o atraso em relação ao cronograma inicial de leilão do projeto". Um processo da ESBR, em andamento na Aneel, pede à agência a reconsideração do cronograma original da usina por causa de paralisações ocorridas durante a construção da hidrelétrica. Outro projeto atrasado destacado pela órgão de fiscalização é a termelétrica Maranhão III, usina que tem capacidade total de 518 MW. O projeto, que pertencia ao empresário Eike Batista, hoje é controlado pela empresa Eneva. A térmica a gás instalada no Maranhão está com suas obras concluídas e já recebeu autorização da Aneel para iniciar os testes de geração em suas três turbinas. O problema é que as obras de acesso ao campo de gás que vai alimentar suas máquinas não foram concluídas a tempo. Por meio de nota, a Eneva informou que tem trabalhado com a empresa PGN, responsável pelas obras de acesso ao combustível, "a fim de otimizar a produção de gás natural, considerando o cenário atual de alto despacho termelétrico no Brasil." As negociações, segundo a empresa, incluem medidas como gestão dos poços existentes e perfuração de outros.Meta atingida. O Ministério de Minas Energia (MME) minimizou, porém, as preocupações com a revisão de aumento de energia previsto pela agência. Em nota, o MME fez uma distinção entre o acompanhamento feito pela Aneel e pelo ministério. "É necessário que fique claro que o trabalho da Aneel é fiscalizar os empreendimentos e o do MME é estabelecer a melhor data para considerar os empreendimentos no planejamento da operação, bem como realizar ações com o objetivo de garantir essas datas e reduzir os atrasos das obras", declarou. "A estimativa do MME para expansão da geração para o ano de 2014 definida no mês de dezembro de 2013 foi de 6 mil MW, valor que já foi alcançado no mês de outubro de 2014, quando atingimos 6.003,84 MW", informou o ministério.

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