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Anefac: redução da Selic não chega ao consumidor

Para a Anefac, a redução da Selic terá efeito desprezível nos juros ao consumidor.

Por Agencia Estado
Atualização:

A redução da taxa básica anunciada hoje pelo Banco Central, de 18,5% para 18% ao ano, terá um efeito muito pequeno nas taxas cobradas nas operações de crédito ao consumidor, de acordo com o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. Segundo Miguel de Oliveira, o efeito da redução será pequeno porque existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas cobradas ao consumidor, que chegam a mais de 280% ao ano, uma distância de mais de 1.450% entre as duas pontas. Em alguns bancos e financeiras, taxas de cheque especial e empréstimo pessoal chegam a atingir mais de 550% ao ano. Oliveira lembra que, no período março/1999 a junho/2002, sem considerar esta última redução da taxa Selic, o Banco Central reduziu os juros de 45,00% ao ano para 18,50% ao ano, uma queda de 58,89%. Entretanto, as taxas cobradas ao consumidor foram reduzidas somente em 38,17%, demonstrando que nem toda a redução promovida na taxa Selic chega efetivamente ao consumidor. Miguel de Oliveira apresenta ainda algumas simulações sobre o impacto que o consumidor pode esperar a partir da redução de hoje na taxa Selic. Na compra de uma geladeira no valor de R$ 800,00 com financiamento em 12 vezes (0+12), por exemplo, a taxa de juros passaria de 6,62% para 6,59% ao mês. Neste caso, o valor das parcelas passaria de R$ 89,11 para R$ 88,93 (economia de apenas R$ 0,18), e o valor total pago no fim do financamento passaria de R$ 1.069,32 para R$ 1.067,16 (economia de apenas R$ 2,16). Títulos públicos podem cair Para o vice-presidente da Anefac, entretanto, esta redução da taxa básica, ainda que de efeito muito pequeno na ponta ao consumidor, pode ter um resultado indireto, devido à queda da rentabilidade dos títulos públicos. Ou seja, na medida em que o banco central reduz a taxa Selic, reduz a rentabilidade dos bancos que destinam seus recursos para aplicações em títulos públicos, empurrando-os para operações de crédito, a fim de obter uma maior rentabilidade.

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