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Annan critica decisões de Morales e faz alerta para investidores

O secretário-geral da ONU disse que os países que querem atrair investimentos estrangeiros devem oferecer garantias e segurança jurídica ao capital, referindo-se ao caso boliviano

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, disparou hoje um recado ao governo de Evo Morales sobre sua decisão de, unilateralmente, romper contratos com as companhias estrangeiras que atuam na Bolívia e nacionalizar o setor do gás e do petróleo. Convidado especial para a IV Cimeira União Européia-América Latina, Annan declarou que, todo país interessado na atração de investimentos estrangeiros no setor produtivo deve obrigatoriamente oferecer garantias e segurança jurídica de longo prazo ao capital. "As economias estão cada vez mais interdependentes e conectadas entre si. As regras dos governos nacionais sobre a administração dos seus recursos devem ser orientadas para uma solução benéfica aos países e aos investidores", afirmou Annan, ao ser abordado, durante entrevista à imprensa, sobre a decisão do governo Evo Morales. Somadas à exposição do primeiro-ministro da Áustria, Wolfgang Schüssel, na mesma entrevista, as declarações de Annan destacaram que os movimentos da Bolívia, sob o comando de Morales, não passaram despercebidas pelos líderes reunidos em Viena. Schüssel advertira que os países são livres para definir se querem ou não atrair investimentos estrangeiros no setor produtivo, assim como os investidores são igualmente livres para decidir onde aplicar o capital. Pouco depois, em encontro reservado, ele apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sua preocupação com a insegurança jurídica no setor energético. "Se o país diz que sim, que quer receber os investimentos, tem de dar garantia jurídica", afirmou na entrevista. Populismo O presidente do México, Vicente Fox, defendeu a integração latino-americana a partir da consolidação dos blocos regionais, como o Mercosul, o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) e a Comunidade Andina de Nações, e declarou que o populismo tornou-se um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento econômico e social da região. Ao lado de Annan e de Schüssel, Fox teve o cuidado de não mencionar Morales nem seu mentor, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Mas passou claramente seu recado. "O populismo é uma saída falsa ao combate à pobreza", sentenciou. Desde a reunião de Cúpula das Américas, em novembro de 2005 em Mar del Plata, Argentina, Fox entrou em rota de colisão com Chávez por sua insistência na continuidade do projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) - a fórmula que considera mais aceitável de integração no Hemisfério. Escaldado, o mexicano agora evita as confrontações abertas com Chávez, que obteve o apoio do boliviano Morales a sua proposta alternativa de integração, a Alba, que exclui obviamente os Estados Unidos.

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