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ANP leiloa apenas um terço do lote de áreas petrolíferas

Por Agencia Estado
Atualização:

Apenas um terço das áreas de exploração e produção de petróleo leiloadas nesta quarta-feira pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) foram vendidas na primeira etapa da quarta rodada de licitações do setor, que termina amanhã, com a oferta de mais 16 blocos. Mas, apesar do encalhe de 24 das 38 áreas leiloadas, a ANP considerou o resultado satisfatório, com uma arrecadação de R$ 44,2 milhões e estimativa de investimentos de US$ 470 milhões para exploração dos blocos. O leilão selou estréia no Brasil de quatro empresas do setor: a americana Newfield, a canadense Dover, a portuguesa Partex e a australiana BHP Billinton. A licitação foi marcada pela forte presença de companhias de menor porte, chamadas de independentes, e a ausência das gigantes do setor ? além da Petrobrás, apenas a Shell participou. "Consideramos o porcentual de 40% de áreas concedidas acima do esperado. Em outros países que realizam leilões a média fica em 20%", afirmou o diretor- geral da ANP, Sebastião do Rego Barros. Mais uma vez, a Petrobrás foi o grande destaque, arrematando seis concessões, sozinha ou em consórcio com outras companhias. Ao contrário dos leilões anteriores, a estatal foi ao leilão para "ocupar espaços", segundo o diretor-gerente de exploração e produção da empresa, Carlos Alberto de Oliveira. Todas as áreas arrematadas estão próximas a outras onde a estatal já produz petróleo e gás ou já tem informações sobre a existência de reservas. "Decidimos explorar áreas com risco menor, onde já identificamos estruturas parecidas. Já temos muitas áreas de fronteira, estamos reduzindo o risco", disse o executivo. A estatal ficou com uma área no Espírito Santo, uma em Sergipe-Alagoas, duas na Bacia Potiguar, uma no Solimões e outra em Campos. A área localizada na Bacia de Campos, por exemplo, fica acima dos blocos BC-10 e BC-60, onde a empresa já descobriu reservas. "Resolvemos fechar aquela área", contou Oliveira. A proximidade com áreas produtoras também foi estratégia da estreante BHP Billinton, que pagou o maior ágio do leilão, de 4.4%, por um bloco na Bacia de Campos. "Queríamos muito essa área, que fica perto do campo de Roncador e tem algumas similaridades com ele", disse o vice-presidente de novos negócios para o Ocidente da companhia, Robert Pascoe, justificando os R$ 13,5 milhões oferecidos em uma área na qual eram os únicos interessados. O campo de Roncador, um dos maiores do País, é onde estava a plataforma P-36, que afundou em março do ano passado. O primeiro dia do leilão não teve grandes disputas - em apenas duas áreas houve mais de uma proposta - e nem interesse por áreas de águas ultra-profundas, com profundidades acima de 2 mil metros e maior risco exploratório. Para o vice-presidente de Exploração e Produção da Shell no Brasil, Michiel Kool, os resultados da exploração de áreas de petróleo no País nos últimos cinco anos "não foram muito bons" e isso reduziu o interesse das empresas pela leilão. A incerteza regulatória também foi citada como obstáculo. A promulgação, na sexta-feira, da lei Valentim, do estado do Rio, que taxa de ICMS os equipamentos para a produção de petróleo repercutiu mal. "Essas coisas não são muito boas para a confiança dos investidores, pois as regras podem mudar a cada momento", disse Kool. "A lei é contrária a tudo que foi feito até agora para atrair investidores", reforçou o diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Eduardo Rappel.

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