PUBLICIDADE

Antes de mudança de regras, juro do rotativo bate recorde

Já a taxa do parcelado, que passará a ser oferecido como 'porta de saída' do rotativo, subiu 8,1 pontos, a maior elevação entre as linhas para pessoa física

Por Fabrício de Castro e Fernando Nakagawa
Atualização:
Nova regra para uso do rotativo vale a partir de 3 de abril Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Nas semanas que antecedem a mudança no funcionamento do crédito rotativo, bancos elevaram mais uma vez os juros cobrados no cartão para um novo recorde histórico. Além do aumento da taxa no rotativo, o crédito parcelado teve forte alta de 8,1 pontos porcentuais em apenas um mês - o maior aumento entre todas as operações de crédito livre para pessoa física. 

PUBLICIDADE

Dados apresentados pelo Banco Central mostram que o juro médio total cobrado no rotativo do cartão de crédito subiu 2,2 pontos porcentuais, de 484,6% ao ano em dezembro para 486,8% ao ano em janeiro. A taxa média praticada no mês passado foi a maior da série histórica do BC para o rotativo do cartão de crédito, iniciada em março de 2011. Entre todas as operações de crédito acompanhadas pelo BC, o rotativo tem a taxa mais elevada, batendo até mesmo a do cheque especial. 

Além do aumento do juro do crédito rotativo, o crédito parcelado no cartão - operação que deve ser oferecida como "porta de saída" para os clientes que usarem o rotativo por 30 dias - também teve aumento e o juro subiu 8,1 pontos, passando de 153,8% ao ano para 161,9% ao ano. Esse aumento do juro foi o maior registrado pelo BC entre todas as linhas de crédito para pessoa física no mês passado.

A mudança no cartão de crédito prevê que o uso do rotativo deve ser pelo prazo máximo de 30 dias. Depois disso, a dívida deverá migrar obrigatoriamente para outra modalidade de crédito com juros menores, como o parcelado do cartão. Os bancos têm até 3 de abril para se adequarem às novas regras. 

Quando anunciou a medida, a expectativa do governo e do BC era de que a mudança abriria espaço para a redução dos juros cobrados dos clientes, já que boa parte do custo das taxas vem do risco de inadimplência.

Calotes. A taxa de inadimplência no crédito livre ficou em 5,7% em janeiro, mesmo patamar observado em dezembro. Em janeiro de 2016, a taxa estava em 5,5%. 

Para pessoa física, a taxa de inadimplência ficou em 6,0% em janeiro, mesmo patamar visto em dezembro e 6,2% em janeiro do ano passado. Para as empresas, ficou em 5,4%, ante 5,2% do mês anterior e 4,7% de um ano antes. A inadimplência do crédito direcionado permaneceu em 1,8%.

Publicidade

O dado que considera crédito livre mais direcionado mostra inadimplência de 3,7% em janeiro, mesmo patamar visto em dezembro. Um ano antes, a taxa estava em 3,5%.

No cheque especial, o volume de calotes atingiu 16,2% em janeiro, ante 17,4% em dezembro. 

No caso de aquisição de veículos, o volume de calotes atingiu 4,6% em janeiro, mesmo patamar visto em dezembro. Em janeiro do ano passado, estava em 4,3%. Já no cartão de crédito, o índice de calote ficou em 7,7%, mesmo patamar de dezembro e abaixo dos 8,4% de janeiro de 2016.

Estoque.  O estoque de operações de crédito do sistema financeiro caiu 1,0% em janeiro ante dezembro, atingindo R$ 3,073 trilhões. Em 12 meses, houve baixa de 3,9%. Houve redução de 2,4% nos financiamentos para pessoas jurídicas e alta de 0,3% para as famílias em janeiro em relação a dezembro. Em 12 meses, a contração é de 10,4% para as empresas e a alta de 3,3% para a pessoa física. De acordo com o BC, o estoque de crédito livre caiu 1,5% no mês. Em 12 meses, recuou 5,1%. Já no caso do direcionado, cedeu 0,5% em janeiro ante dezembro e caiu 2,7% em 12 meses. No crédito livre, houve manutenção no saldo para pessoas físicas no mês e alta de 0,6% no acumulado de 12 meses. Para as empresas, no crédito livre, houve redução de 3,2% em janeiro e baixa de 10,7% em 12 meses. O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou de 49,4% em dezembro para 48,7% em janeiro. Em janeiro de 2016, estava em 53,2%.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.