A divulgação do crescimento econômico medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) referente ao terceiro trimestre deste ano será o destaque da agenda econômica doméstica da próxima semana. O indicador será anunciado na próxima quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Previsões preliminares apontam para uma expansão de 1,50% a 2,50% do PIB na margem, do terceiro sobre o segundo trimestre deste ano, e um avanço de 5,10% a 5,30% da economia sobre igual período do ano passado. Vários são os indicadores antecedentes cujos desempenhos de julho a setembro podem ser citados para reforçar as expectativas de uma boa evolução da economia no terceiro trimestre, mas os dois mais utilizados por analistas são a produção industrial e as vendas do comércio varejista neste período. Em julho, a indústria produziu 0,40% a menos que no mês anterior e 6,90% a mais sobre idêntico mês em 2006. Nas mesmas comparações, as vendas do comércio varejista avançaram 0,60% e 9,30%. No mês seguinte, a atividade industrial cresceu de maneira forte, com uma expansão de 1,30% sobre julho e 6,60% sobre agosto do ano passado e as vendas evoluíram 1,10% e 10,30%, respectivamente. Em setembro, mês de fechamento de trimestre, a produção industrial caiu 0,60% na margem, mas cresceu 5,60% na comparação interanual, enquanto as vendas, pela mesma ordem, avançaram 1,40% e 8,50%. Os bons resultados da atividade econômica expressos por estes indicadores estão associados ao estoque de cortes de juros iniciados de setembro de 2005 a setembro deste ano, de 19,75% para os atuais 11,25%; ao aumento das importações de máquinas e equipamentos para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), na esteira da desvalorização do dólar frente ao real; e ao aumento do Investimento Estrangeiro Direto (IED) no País, entre outras importantes variáveis econômicas, como o aumento do emprego e da massa salarial, no âmbito de um cenário de inflação sob controle. Inflação No mesmo dia do anúncio do PIB serão conhecidos dois indicadores parciais de inflação já referentes a dezembro. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) informará a média resultante dos aumentos e das reduções de preços de produtos e serviços na capital paulista no período de 30 dias que compreende a primeira quadrissemana do IPC-Fipe. Na primeira pesquisa de novembro, o índice fechou com uma ligeira alta de 0,02%, mas foi evoluindo até chegar à taxa de 0,47% no fechamento novembro ante 0,08% do final de outubro. Na seqüência, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgará a primeira prévia do IGP-M de dezembro. Estes indicadores têm merecido atenção especial dos analistas porque têm prometido entregar no final do ano uma inflação ao redor de 7,00%, quase o dobro do que está sendo esperado para os IPCs. Os vilões destes indicadores estão alocados no atacado, onde os preços agrícolas têm se elevado acima do esperado dentro do que o mercado tem caracterizado como um choque de ofertas. Os preços da soja e das carnes bovinas estão no topo das maiores altas. Na primeira prévia do IGP-M de novembro, a inflação apurada foi de 0,34%, e no fechamento do mês chegou a 0,69%. Mas o IGP-DI do mês passado subiu a 1,05%, com o IPA Agrícola mostrando um aumento de 4,32%, pressionado por soja (5,36%) e bovinos (10,45%). Na quinta-feira o Banco Central anunciará a ata que registrou a 131ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da quarta-feira passada e que manteve a taxa Selic em 11,25% pela segunda vez consecutiva. Esta ata tem um apelo especial porque deverá, é o que se espera, explicar qual é a real extensão do efeito sobre a política monetária da retirada da palavra "pausa" do comunicado que se seguiu ao término da reunião. Esta questão torna-se relevante porque muitos dos analistas que contavam com a retomada do processo de flexibilização da taxa de juros ainda no primeiro trimestre de 2008 sentiram abalo nos pilares de seus cenários com a supressão do termo "pausa" do comunicado. A medida agradou, no entanto, os representantes das instituições financeiras que vinham sinalizando, já há algum tempo, com a possibilidade de um recrudescimento da inflação, em resposta à defasagem criada entre as vendas do comércio, em um ritmo maior que a capacidade de a indústria ofertar, e os minichoques agrícolas. Este quadro tem se confirmado a cada divulgação de inflação e de indicadores de atividade. As médias de reajustes de preços têm se elevado e os dados relativos à atividade têm perpetuado a diferença entre os volumes de vendas (demanda) e de produção (oferta), dentro de um cenário em que a concessão de crédito se mantém vigorosa e a massa salarial em expansão na esteira da criação de novas vagas no mercado de trabalho. Outros indicadores Mas a semana começa com outros três indicadores, na segunda-feira. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) anunciará o resultado da balança comercial na primeira semana de dezembro. Na última semana de novembro, a quinta do mês, o saldo entre as exportações e as importações feitas pelo País foi um superávit de US$ 459 milhões. Ao longo de todo o mês passado a balança reuniu um superávit de US$ 2,027 bilhões, ou 41,05% menor que os US$ 3,439 bilhões de outubro. O resultado da balança comercial em novembro não chegou a ser uma grande surpresa, porque já era esperado no mercado que as importações fossem crescendo numa velocidade maior do que as exportações, já que o dólar vem perdendo valor frente ao real de forma consistente há muito tempo. Mas há que se destacar que, a despeito de os superávits comerciais estarem sancionando as expectativas dos especialistas, a corrente de comércio tem se expandido a contento. Ou seja, a relação comercial do Brasil com outros países no mundo tem se expandido sensivelmente. Para analistas de contas externas, os menores superávits da balança comercial, que poderão levar a conta corrente do balanço de pagamentos a fechar com déficit no próximo ano, têm um viés positivo porque resultam da importação de máquinas e equipamentos, que tem como finalidade maior expandir a capacidade produtiva do parque industrial brasileiro. Isso implicaria na redução da defasagem entre oferta e demanda e, por conseguinte, da possibilidade de uma inflação que poderia vir a corroer o poder aquisitivo, sobretudo dos mais pobres. No campo da inflação, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgará também na segunda-feira a média de reajustes dos preços ao consumidor apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) ao longo dos 30 dias que compõem a primeira quadrissemana de dezembro. Para efeito de comparação, na primeira tomada de preços para este indicador em novembro, os aumentos ficaram numa média de 0,17%. No fechamento do mesmo mês, o IPC-S mostrou uma aceleração de 0,10 ponto porcentual sobre a primeira medição do mês, para 0,27%. O que levou a taxa neste período a subir 0,10 ponto porcentual foram basicamente os alimentos. E a previsão para esta primeira quadrissemana de dezembro não é das melhores, já que alguns a analistas consultados esperam uma inflação ao redor de 0,50% para o começo do mês. No mesmo dia, o Banco Central divulgará as medianas das expectativas dos analistas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos. Todos estão de olho agora nos movimentos da inflação e da atividade, que têm apresentado elevações em quase todas as leituras. São estes indicadores, inclusive as expectativas, muito bem avaliados pelo Banco Central, que têm sido usados como justificativas para a manutenção da taxa básica de juros. Estados Unidos A próxima semana será forte em termos de indicadores econômicos norte-americanos, com a divulgação dos índices de preços ao produtor (PPI), na quinta-feira, e ao consumidor (CPI, na sexta, mesmo dia da produção industrial). Mas as atenções estarão voltadas para a reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve, na terça-feira. A expectativa majoritária é de uma nova redução nos juros nos Estados Unidos. A dúvida é sobre sua magnitude. A maior parte dos analistas aposta num novo corte de 0,25 ponto porcentual, mas ninguém descarta uma queda ainda maior, de 0,50 ponto.