Está em curso um lento processo de recuperação das operações de crédito, mais visível nas comparações de longo prazo do que na evolução mensal dos empréstimos. A tendência de melhora é mais clara para as pessoas físicas do que para as pessoas jurídicas, mas estas também dão leves sinais positivos de demanda por crédito.
Entre março e abril, o saldo das operações totais aumentou 0,3%, de R$ 3,082 trilhões para R$ 3,090 trilhões. Houve crescimento de 0,6% em 12 meses, puxado pelas pessoas físicas (+6,4%). Para as pessoas jurídicas, houve declínio mensal de 0,1% e anual de 5,5%, em especial devido à redução da oferta de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Quanto às concessões de crédito, houve crescimento mensal (+0,5%) e em 12 meses (+10,7%) para pessoas físicas, mas, para as pessoas jurídicas, só houve aumento (+4%) na comparação em 12 meses.
Os indícios positivos devem ser atribuídos aos juros, que em 12 meses caíram 3,2 pontos porcentuais para empresas e 5,7 pontos para pessoas físicas. Nas mesmas bases de comparação, os spreads (diferença entre juros ativos e passivos) cederam nas operações com pessoas físicas (-1,7 ponto porcentual) e jurídicas (-3,9 pontos), em termos médios. Mas o custo médio das operações livres persiste muito elevado, atingindo 20,8% ao ano para pessoas jurídicas e 56,8% ao ano para pessoas físicas.
As Estatísticas monetárias e de crédito do Banco Central (BC) indicam recuo da inadimplência no crédito livre e estabilização do endividamento e do comprometimento de renda das famílias. Estes níveis só se mantêm dado o maior peso das operações de crédito imobiliário, que refletem investimentos das famílias na moradia própria.
Com a queda da inadimplência, os bancos, principalmente privados, reduziram provisões para devedores, mostrando maiores lucros. Com a economia em marcha lenta e o agravamento das incertezas políticas provocadas pela greve dos caminhoneiros, a retomada do crédito deverá ser lenta. O chefe do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, enfatiza a tendência de “melhoria gradual” do crédito. Os bancos estrangeiros têm sido mais ativos no mercado de crédito, aumentando os saldos de operações em 9,2% em 12 meses, bem acima dos privados nacionais (+4,9%) e dos públicos (-3,7%).