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Apagão: indefinição preocupa supermercados

A indefinição por parte do governo sobre como e quando ocorrerá o racionamento de energia prejudica o planejamento de abastecimento dos supermercados que tem até 45% de seus produtos armazenados em refrigeradores.

Por Agencia Estado
Atualização:

O dia-a-dia dos supermercados deve mudar com o racionamento de energia, programado para começar a partir do próximo mês. Grandes redes como o Pão de Açúcar e o Carrefour deverão ser menos afetadas do que os supermercados pequenos e médios, que não podem contar com geradores. O que mais tem preocupado o setor é a falta de definições do governo sobre o corte. Nos supermercados, 40% a 45% dos produtos necessitam de refrigeração, segundo levantamento do presidente da Associação Paulista dos Supermercados (Apas), Omar Assaf. "O planejamento é importante até para os fornecedores de produtos gelados e congelados programarem a entrega nas lojas, de acordo com o período de racionamento", diz Assaf. A falta de definições sobre o programa de racionamento está provocando insegurança, principalmente nas redes de supermercados de médio e pequeno portes que não possuem equipamentos para longos períodos de apagão, ao contrário do que ocorre com os maiores. O Pão de Açúcar, por exemplo, garante que a rede está preparada para os cortes, mesmo que eles durem várias horas. Todos os serviços considerados essenciais para a empresa, como iluminação básica, funcionamento das gôndolas frias, dos frigoríficos internos e o de caixas serão mantidos com geradores. Apenas áreas promocionais serão menos iluminadas. Redes pequenas e médias não possuem geradores Com as redes pequenas e médias a situação é diferente. Uma pesquisa do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sincovaga), feita com 30 supermercados com lojas médias, de cerca de mil metros quadrados, revelou que apenas duas dispunham de geradores. "O equipamento é caro e muitos não têm recursos para esse investimento. Mesmo que todos corressem para comprar, não haveria geradores suficientes", diz o presidente do Sincovaga, Wilson Tanaka. O mais grave, observa, é que as redes de supermercados terão pouquíssimo tempo para se preparar. "Uma caixa registradora informatizada (PDV) pode funcionar com estabilizador, quando há queda de energia, por cerca de uma hora. Mas, e se o apagão durar mais tempo, como será?", pergunta. Ele não tem resposta nem sabe como se preparar para a situação, ainda indefinida pelo governo. "Sem PDV, balança eletrônica e iluminação, a única saída é fechar a loja no horário do racionamento", diz Tanaka. "Nem calculo quanto isso significaria de prejuízo." O funcionamento dos balcões refrigerados, das câmaras frigoríficas e de congelamento pode ser outra dor de cabeça. Segundo Tanaka, para economizar energia, os balcões são fechados e desligados durante à noite. "Se a temperatura sobe, um termostato registra e a refrigeração volta a funcionar automaticamente. Sem energia, teríamos de estudar o que fazer para os alimentos não estragarem", diz. As câmaras frigoríficas, explica, precisariam de geradores de potência alta ou teriam de ser mantidas fechadas a maior parte do tempo para evitar perda de frio. O mesmo ocorre com as câmaras de congelamento, que precisam de temperaturas de até 30 graus negativos.

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