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Aperto de crédito encareceu disputa

Crise mundial reduziu montante financiado pelos consórcios, além de elevar taxas e diminuir prazos de pagamento

Por Wellington Bahnemann , Beth Moreira e Renée Pereira
Atualização:

A preparação das empresas para a segunda etapa do Programa de Concessões Rodoviárias do Estado de São Paulo foi árdua por causa da escassez mundial de crédito. Algumas conseguiram posição dos bancos apenas no fim da tarde de terça-feira, véspera da disputa. A resposta, no entanto, veio acompanhada de condições bem menos atraentes para os investidores. "O montante financiado diminuiu, os prazos ficaram menores e as taxas, maiores", destacou Hamilton Amadeo, presidente da Cibe (empresa de concessões da Equipav e Bertin), cujo consórcio (Brasinfra) venceu a disputa pela Marechal Rondon Leste. Ele conseguiu financiamento de R$ 520 milhões do Banco do Brasil e do Banco Espírito Santo (instituição que é acionista da portuguesa Ascendi, outra sócia do consórcio Brasinfra). "Buscamos alongar ao máximo essa operação, até que o consórcio tenha condições de obter um financiamento de longo prazo, o que deve ocorrer dentro de 1 ano a 1,5 ano", disse Amadeo. A redução de liquidez também trouxe algumas situação diferenciadas. Segundo o presidente da Triunfo Participações, Carlo Botarelli, os bancos incluíram um custo de comissão de 1,5% do valor financiado em toda proposta aberta no leilão. Por esse motivo, a empresa retirou duas propostas em lotes onde avaliou que não era competitiva, na Marechal Rondon Leste e na Dom Pedro I. A comissão sempre existiu, mas em outras ocasiões a empresa só pagava se fosse vencedora. "Com essa crise, o banco está cobrando a taxa independentemente de fechar ou não a proposta. Ficou um jogo pesado." A Triunfo conseguiu empréstimo-ponte de R$ 200 milhões do Banco Votorantim, por 18 meses. "O custo está muito mais alto; antes conseguia empréstimo com taxa de CDI mais 2%. Agora é de CDI mais 6%", diz Botarelli. No caso da Odebrecht, o Santander garantiu o empréstimo-ponte, por 18 meses. Segundo o diretor de Investimentos da empresa, Geraldo Villin, que preferiu não revelar o montante contratado com o banco espanhol, esse financiamento é suficiente para a companhia honrar o pagamento de outorga, de R$ 1,342 bilhão. Cerca de R$ 260 milhões terão de ser desembolsados antes da assinatura do contrato, em dezembro. Para o financiamento de longo prazo, a empresa considera usar recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O executivo não descartou a possibilidade de parceria com outra empresa para tocar o empreendimento. É a primeira vez que a empresa ganha uma concessão rodoviária no País, depois de deixar o capital da CCR. A carta firme de financiamento da Invepar/OAS foi dada pelo Banco do Brasil e pelo Banco do Nordeste. Mas a empresa afirmou que continua conversando com outras instituições. Segundo o presidente do grupo Invepar e líder do consórcio Invepar/OAS, Damião Moreno, a alavancagem prevista para os investimentos na Raposo Tavares, deverá ficar abaixo de 60%, e o restante dos recursos é de capital próprio da empresa. "Antigamente se conseguia 70% ou mais de recursos de terceiros, hoje isso é impossível." O valor de investimento previsto é de R$ 1,8 bilhão, por 30 anos de concessão. O financiamento firme da BRVias é do Itaú BBA.

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