PUBLICIDADE

Publicidade

Apesar de intervenções do BC, dólar salta 10% na semana

Por FABIO GEHRKE
Atualização:

O dólar fechou em leve alta nesta sexta-feira, em mais uma sessão marcada por pressões externas e medidas do Banco Central para conter a alta da moeda em meio a temores de uma recessão econômica global. A moeda norte-americana subiu 1 por cento, a 2,328 real. Na semana, a divisa saltou 10 por cento e acumula valorização de 22,14 por cento em outubro. O mercado cambial abriu a sessão saltando mais de 3 por cento seguindo o mau humor internacional com os desdobramentos da crise mundial de crédito, mas a rápida atuação do Banco Central conteve a alta da moeda e trouxe sua cotação para perto da estabilidade ainda pela manhã. "Essa contenção (da moeda norte-americana) é o Banco Central... Você tem uma histeria e o dólar se valorizando no mundo inteiro", afirmou Marcos Forgione, analista da Hencorp Commcor Corretora. Nos Estados Unidos, os principais índices acionários perdiam mais 4 por cento, enquanto na Bolsa de Valores de São Paulo a queda superava 7 por cento. Frente a uma cesta com as principais moedas do mundo, o dólar avançava 1,75 por cento. Nesta sessão, o Banco Central, realizou dois leilões de venda de dólares no mercado à vista e duas operações de venda de contratos de swaps cambiais. "Foi perfeita a atuação do Meirelles, (na véspera) ele deu um tiro de canhão para mostrar que está presente", disse Forgione. Ele se referia ao anúncio pelo BC de que poderá oferecer até 50 bilhões de dólares em leilões de swap cambial tradicional, operação que visa conter os problemas decorrentes dos posicionamentos equivocados de empresas no mercado de derivativos. Nos dois leilões de swap desta sessão, a autoridade monetária vendeu contratos equivalentes a cerca de 2,5 bilhões de dólares. Um dos principais fatores de pressão sobre a cotação do dólar à vista é a incerteza em torno dos detentores nacionais dos 20 bilhões de dólares em posições vendidas na BM&F, segundo os últimos dados disponíveis. Mario Paiva, analista de câmbio da Corretora Liquidez, vai ainda mais longe. "Estamos vivendo os piores dias desde a crise dos anos 1930. O mercado está sem parâmetro, é prejuízo para todo lado, aversão ao risco em níveis que nunca vi igual." Paiva argumentou ainda que os derivativos trazem um ingrediente multiplicador nesse cenário. "Está todo mundo com medo de emprestar... o mercado derivativo permite que o risco seja amplificado na mesma proporção que a inadimplência aumenta", disse. Assim como Forgione, Paiva lembra da importância dos bons fundamentos da economia brasileira adquiridos nos últimos anos e das recentes intervenções do Banco Central. "A função maior do BC é buscar sempre o melhor andamento da economia... ele está atento e fazendo o que pode", afirmou Paiva ressaltando a dificuldade de se conter um ataque especulativo contra uma moeda. (Por Fabio Gehrke)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.