Publicidade

Apesar do atraso, Brasil ainda tem o que explorar na China

Por Agencia Estado
Atualização:

"O Brasil abandonou o maior mercado do mundo ? de 1,3 bilhão de habitantes - enquanto outros países o tomaram. Mas ainda há o que fazer", afirma Charles Andrew Tang, presidente da Câmara de Indústria e Comércio Brasil-China. Segundo ele, o café solúvel consumido no país vem da Suíça, que nem produtora é. O suco de laranja é importado da Europa, apesar de o Brasil ter uma das indústrias de cítricos mais competitivas do mundo. A castanha de caju, tão popular no Brasil, é comprada dos Estados Unidos. "Vamos para a China aprofundar nossos interesses comerciais. Queremos exportar, importar e fechar parcerias", diz uma fonte do Itamaraty. A secretária de Comércio Exterior, Lytha Spindola, afirmou na semana passada, em São Paulo, que a comitiva ministerial terá também a participação de cafeicultores colombianos. A idéia é formar uma parceria para exportar grãos a partir dos dois países e fazer uma associação com empresa chinesa para processar a torrefação no próprio país. A presença da Colômbia é importante porque, por conta de uma forte campanha de marketing, o café colombiano tem presença consolidada no Exterior. Um dos principais projetos do governo chinês é ter uma forte indústria de transportes para integrar e desenvolver as distantes áreas do país. Além da Embraer, a Marcopolo, a Tupy, as montadoras e os fabricantes de autopeças devem se beneficiar desse plano. Além disso, o governo chinês planeja adicionar álcool à gasolina, o que representa um mercado potencial para o Brasil, maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Com as Olimpíadas de Pequim em 2008, o governo planeja construir 360 novos hotéis apenas na cidade, o que também abre oportunidades nas áreas de construção civil, móveis, pedras etc. Da Brazil-China Trade Fair, por exemplo, participarão empresas dos segmentos de ardósia, granito, pedras preciosas, água mineral, máquinas de construção civil, ração, velas, cachaça, soja e até bucha vegetal. Da comitiva do ministro Sérgio Amaral devem participar lideranças das áreas de café, têxteis, soja e óleos, automóveis, café solúvel, alimentos, máquinas e equipamentos, cachaça, autopeças, móveis, pedras e gemas. Das reuniões preparatórias para a viagem participaram também a construtora Mendes Junior, o BNDES, a Marcopolo, o BankBoston, o Noronha Advogados, o Banco do Brasil, Banco do Nordeste, a Sadia, a Coabra, a Cooxupe e a Metisa. Marcopolo e Tupy têm iniciativas próprias As primeiras unidades de ônibus chineses com tecnologia da gaúcha Marcopolo, maior fabricante brasileira de carrocerias de ônibus e microônibus, começarão a ser produzidas no início de abril, ainda no Brasil. A empresa firmou em maio de 2001 um acordo de sete anos para desenvolvimento e transferência de tecnologia para produção de carrocerias na fábrica da CBC-Ibveco, parceria entre a italiana Iveco e a CBC, segunda maior fabricante de ônibus da China. O acordo representará para a Marcopolo negócios da ordem de US$ 12,5 milhões. Pelo contrato, a partir de 2002, a Marcopolo enviará os gabaritos e layouts de produção para a fábrica e dará total suporte com equipe de engenheiros e técnicos. A empresa pretende buscar mais oportunidades na China, tanto que poderá fazer parte da comitiva do ministro Sérgio Amaral que visita o país no início de abril. O acordo com a China faz parte do plano de internacionalização da Marcopolo, que já fabrica na África do Sul, Argentina, Colômbia, no México e em Portugal. Já para a Fundição Tupy, maior fornecedora mundial de blocos de motor a diesel, a China parece ser, atualmente, a melhor oportunidade de expansão no Exterior. A Tupy tem uma equipe prospectando o mercado chinês em busca de oportunidades de investimentos diretos e fez importantes contratos de exportação, ponto inicial para futuros investimentos. A Tupy fechou um contrato de US$ 13 milhões para fornecimento de blocos de motor de quatro válvulas por cilindro para a montadora Wuxi. Já para a Yuchai Machined Componentes, o contrato é de US$ 30 milhões para suprimento de blocos e cabeçotes. A empresa afirmou que todas as suas iniciativas na China têm sido tomadas de forma independente, ou seja, sem a participação do governo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.